domingo, 21 de julho de 2019

A EX-ESCRAVA E EX-PROSTITUTA DEVOTA QUE PROPAGOU A FÉ EM SANTA ANA



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É notável o testemunho documentado por uma escrava que se prostituía em Minas, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz (1719 — após 1765). 

Ao converter-se, Rosa tornou-se devota de Sant’Anna e sua família e criou um rosário no qual — assim como no rosário mariano — quinze mistérios da vida de Sant’Anna eram meditados. Em um deles, a mãe de Maria “era cofre em que o Altíssimo depositou o tesouro da pureza suma, sem mistura nem macula, a Virgem Intacta”.

Essa sua frase se explica pelo fato de Sant’Anna ter sido a padroeira dos mineradores — tradição já corrente na Espanha — e de “moedeiros”. Assim como as minas, Ana escondia ouro em seu ventre: Maria Imaculada. 

Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz era uma escrava de ganho e trabalhava se prostituindo aos mineradores de Minas Gerais. Como a Santa dos mineradores era Santa Ana, após um momento de doença ela se converteu buscando uma vida de oração. 

 A experiência religiosa desta alforriada era composta de conhecimentos teológicos sofisticados, idéias populares, manifestações de afeto e visões típicas da cultura barroca  e a levou a se tornar autora do mais antigo livro escrito por uma mulher negra na história do Brasil: "Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas".


Santa Ana, esposa de Joaquim, é invocada como “protetora das viúvas” em uma litania anotada por Rosa Egipcíaca. A ladainha invoca suas virtudes e seu papel em relação aos homens da sagrada família:


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“Sant’Anna, espelho de obediência, ora pro nobis !

Sant’Anna, espelho de paciência, ora pro nobis !

Sant’Anna, proteção das viúvas, ora pro nobis !

Sant’Anna, mulher forte, ora pro nobis !

Sant’Anna, avó de Cristo, ora pro nobis !

Sant’Anna, sogra de São José, ora pro nobis !

Sant’Anna, da prole dos patriarcas, ora pro nobis !”



Em Minas Gerais, os devotos de Sant’Anna apresentavam um perfil social bem diversificado. Havia religiosos e leigos, homens e mulheres, livres e escravos. Assim como na Península Ibérica, entre os milagres que lhe foram atribuídos destacam-se os relacionados à saúde dos fiéis, um papel também atribuído à Virgem. Os ex-votos pintados por escravos dão testemunho do papel de cura atribuído a Sant’Anna.

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Segundo pesquisas, Ana foi a santa mais cultuada no Brasil; isso se deve à sua função de progenitora, aos ensinamentos para com sua filha Maria. Ana foi uma santa tão importante no período colonial que foi a única que teve nome titular de uma paróquia até o período de 1673. Sua veneração equiparava-se à de Maria, pois ambas outorgavam milagres de saúde para com os seus devotos. 




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