O Escudo em ocasiões de grande perigo
Em nossos tempos em que, devido à violência avassaladora e generalizada, os perigos nos ameaçam de todos os lados, é de primordial importância o uso do Escudo do Sagrado Coração de Jesus.
Levando-o conosco — pode-se também colocá-lo em nossa casa, junto ao material escolar dos filhos, no automóvel, local de trabalho, sob o travesseiro de um enfermo etc.
— estaremos, no interior de nossas almas, como que repetindo o que disse o Apóstolo São Paulo: “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rom 8,31). Pois não há perigo de que Ele não possa nos livrar.
E mesmo em meio às dificuldades que a Providência envie para nos provar, estaremos confiantes na proteção divina, que nunca abandona aqueles que recorrem pedindo amparo e proteção.
Evidentemente, se nosso pedido de auxílio for feito por meio da Santíssima Mãe de nosso Divino Redentor, Ele nos ouvirá com muito mais agrado e mais rapidamente nos atenderá.
Pois Ele a constituiu Medianeira de todas as graças, dando-nos assim uma prova ainda maior de amor, ao nos dar por Mãe sua própria Mãe.
Origem do Escudo do Sagrado Coração de Jesus
Santa Margarida Maria Alacoque — como testemunha sua carta, escrita no dia 2 de março de 1686, dirigida à sua Superiora, Madre Saumaise — transcreve um desejo que lhe fora revelado por Nosso Senhor:
“Ele deseja que a Senhora mande fazer uns escudos com a imagem de seu Sagrado Coração, a fim de que todos aqueles que queiram oferecer-Lhe uma homenagem, os coloquem em suas casas; e uns menores, para as pessoas levarem consigo”.
Nascia, assim, o costume de portar esses pequenos Escudos.
Essa santa devota do Detente portava-o sempre consigo e convidava suas noviças a fazerem o mesmo. Ela confeccionou muitas dessas imagens e dizia que seu uso era muito agradável ao Sagrado Coração.
A autorização para tal prática, no início, foi concedida somente aos conventos da Visitação.
Depois, foi mais difundida pela Venerável Ana Magdalena Rémuzat (1696-1730).
A essa religiosa, também da mesma Ordem da Visitação, falecida em alto conceito de santidade, Nosso Senhor fez saber antecipadamente o dano que causaria uma grave epidemia na cidade francesa de Marselha, em 1720, bem como o maravilhoso auxílio que os marselheses receberiam com a devoção a seu Sagrado Coração.
A referida visitandina fez, com a ajuda de suas irmãs de hábito, milhares desses Escudos do Sagrado Coração e os repartiu por toda a cidade onde grassava a peste.
A história registra que, pouco depois, a epidemia cessou como por milagre.
Não contagiou muitos daqueles que portavam o Escudo, e as pessoas contagiadas tiveram um extraordinário auxílio com essa devoção.
Em outras localidades ocorreram fatos análogos.
A partir de então, o costume se estendeu por outras cidades e países.
Os requetés espanhóis tinham o Escudo do Sagrado Coração de Jesus como seu brasão, durante a Cuerra Civil de 1936.
Escudo distintivo de contra-revolucionários
Em 1789, eclodiu na França, com trágicas conseqüências para o mundo inteiro, um flagelo muitíssimo mais terrível que qualquer epidemia: a calamitosa Revolução Francesa.
Nesse período, os verdadeiros católicos encontraram amparo no Sacratíssimo Coração de Jesus, e o Escudo protetor era levado por muitos sacerdotes, nobres e populares que resistiram à sanguinária Revolução anticatólica.
Até mesmo senhoras da corte, como a Princesa de Lamballe, portavam esses Escudos bordados preciosamente em tecidos.
E o simples fato de levá-los consigo transformou-se no sinal distintivo daqueles que eram contrários à Revolução Francesa.
Entre os pertences da Rainha Maria Antonieta, guilhotinada pelo ódio revolucionário, encontraram um desenho do Sagrado Coração, com a chaga, a cruz e a coroa de espinhos, e os dizeres: “Sagrado Coração de Jesus, tende misericórdia de nós!” .
Outra Rainha de França, também devota do Detente, foi Maria Leszczynska.
Em 1748 ela recebeu de presente, do Papa Bento XIV, vários Escudos do Sagrado Coração, por ocasião de seu matrimônio com o Rei Luís XV.
De acordo com as memórias desse tempo, entre os presentes enviados pelo Pontífice havia “muitos Escudos do Sagrado Coração, feitos em tafetá vermelho e bordados em ouro” .
O comunismo sempre perseguiu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Em Cuba, monumentos dedicados a esta devoção foram trocados por estátuas de Che Guevara.
Muitos opositores do regime comunista de Fidel Castro morreram no Paredón com o heróico brado: Viva Cristo Rei! nos lábios.
Heroísmo dos devotos do Sagrado Coração de Jesus
Na região da Mayenne (oeste da França), os Chouans — heróicos resistentes católicos, que enfrentaram com bravura e ardor religioso os revolucionários franceses de 1789 — bordavam em seus trajes e bandeiras o Escudo do Sagrado Coração de Jesus.
Era como se fosse um brasão e, ao mesmo tempo, uma armadura: “brasão” usado para reafirmar sua Fé católica; “armadura” para defenderem-se contra as investidas adversárias.
Também como “armadura espiritual”, esse Escudo foi ostentado por muitos outros líderes e heróis católicos que morreram ou lutaram em defesa da Santa Igreja, como os bravos camponeses seguidores do aguerrido tirolês Andreas Hofer (1767-1810), conhecido como “o Chouan do Tirol”.
Esses portavam o Escudo para se protegerem nas lutas contra as tropas napoleônicas que invadiram o Tirol.
Um fato histórico semelhante ocorreu, na época atual, em Cuba.
Os católicos cubanos que não se deixaram subjugar pelo regime comunista, e o combateram, tinham especial devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Quando presos e levados para o “paredón” (onde eram sumariamente fuzilados), enfrentaram os carrascos fidelcastristas bradando “Viva Cristo Rei!
— seguindo o exemplo de seus irmãos no ideal católico, os Cristeros, no México, também martirizados por ódio à Fé, no início do século XX.
Na antiga Pérola das Antilhas (atual Ilha Presídio) antes de ser escravizada pela tirania de Fidel Castro, havia muitas estátuas do Sagrado Coração de Jesus em suas bem arborizadas praças.
Mas, após a dominação comunista, as belas estátuas do Sagrado Coração de Jesus foram derrubadas e — pasme o leitor — substituídas por estátuas de Che Guevara...
A estátua do guerrilheiro que tinha suas mãos tintas de sangue inocente, desse revolucionário que fez correr um rio de sangue por vários países latino-americanos, colocada em lugar da imagem do Sagrado Coração, que representava a misericórdia divina e o perdão!
Milicianos de esquerda , na Espanha, fuzilam a imagem do Sagrado Coração no Cerro de Los Angeles, na capital espanhola, em 28 de julho de 1936.
O bem-aventurado Papa Pio IX e o Detente
Em 1870, uma senhora romana, desejando saber a opinião do Sumo Pontífice Pio IX a respeito do Escudo do Sagrado Coração de Jesus, apresentou-lhe um.
Comovido à vista desse sinal de salvação, o Papa concedeu aprovação definitiva a tal devoção e disse: “Isto é, senhora, uma inspiração do Céu. Sim, do Céu”. E, depois de breve recolhimento, acrescentou:
“Vou benzer este Coração, e quero que todos aqueles que forem feitos segundo este modelo recebam esta mesma bênção, sem ser necessário que algum outro padre a renove. Ademais, quero que Satanás de modo algum possa causar dano àqueles que levem consigo o Escudo, símbolo do Coração adorável de Jesus”.
Para impulsionar o piedoso costume de portar consigo o Escudo, o Bem-aventurado Pio IX concedeu, em 1872, 100 dias de indulgência para todos os que, portando essa insígnia, rezassem diariamente um Padre Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai 8.
Depois disso, o Santo Padre compôs esta bela oração:
“Abri-me o vosso Sagrado Coração, ó Jesus!... mostrai-me os seus encantos, uni-me a Ele para sempre.
Que todos os movimentos e palpitações do meu coração, mesmo durante o sono, Vos sejam um testemunho do meu amor e Vos digam sem cessar:
Sim, Senhor Jesus, eu Vos adoro... aceitai o pouco bem que pratico... fazei-me a mercê de reparar o mal cometido... para que Vos louve no tempo e Vos bendiga durante toda a eternidade. Amém” .