Muito antes das definições do papa Gregório I, em 593 e do
Concílio de Florença de 1439 e do de Trento em 1563 a doutrina do Purgatório era amplamente conhecida pelos primeiros cristãos, como bem demonstram as seguintes
evidências patrísticas.
Por ser uma doutrina tão conhecida pelos primeiros cristãos, temos aí uma certeza absoluta dela ter sido ensinada pelos Apóstolos aos Bispos e seus sucessores.
Por ser uma doutrina tão conhecida pelos primeiros cristãos, temos aí uma certeza absoluta dela ter sido ensinada pelos Apóstolos aos Bispos e seus sucessores.
Uma evidência histórica está no relato da Paixão de Perpétua e Felicidade, escrito no século III.
Santa Perpétua foi uma mártir cristã martirizada em 203 juntamente com
outros cinco cristãos (Felicidade, Revocato, Saturnino, Segundo e
Saturo).
Esquanto estava na prisão, teve uma dupla visão em que viu seu irmão,
falecido 7 anos antes, sair de um lugar tenebroso onde estava sofrendo.
Santa Perpétua passou então a rezar pelo descanso eterno de sua alma e,
logo após ser ouvida pelo Senhor, teve uma segunda visão em que viu seu
irmão seguro e em paz porque sua pena havia sido satisfeita:
"Imediatamente, nessa mesma noite, isto me foi mostrado em uma
visão: eu vi Dinocrate saindo de um lugar sombrio, onde se encontravam
também outras pessoas; e ele estava magro e com muita sede, com uma
aparência suja e pálida, com o ferimento de seu rosto quando havia
morrido.
Dinocrate foi meu irmão de carne, tendo falecido há 7 anos de
uma terrível enfermidade...
Porém, eu confiei que a minha oração haveria
de ajudá-lo em seu sofrimento e orei por ele todo dia, até irmos para o
campo de prisioneiros...
Fiz minha oração por meu irmão dia e noite,
gemendo e lamentando para que [tal graça] me fosse concedida.
Então,
certo dia, estando ainda prisioneira, isto me foi mostrado: vi que o
lugar sombrio que eu tinha observado antes estava agora iluminado e
Dinocrate, com um corpo limpo e bem vestido, procurava algo para se
refrescar; e onde havia a ferida, vi agora uma cicatriz; e essa piscina
que havia visto antes, vi que seus níveis haviam descido até o umbigo do
rapaz.
E alguém incessantemente extraía água da tina e próximo da orla
havia uma taça cheia de água; e Dinocrate se aproximou e começou a beber
dela e a taça não reduziu [o seu nível]; e quando ele ficou saciado,
saiu pulando da água, feliz, como fazem as crianças; e então acordei.
Assim, entendi que ele havia sido levado do lugar do castigo"
(Paixão de
Perpétua e Felicidade 2,3-4).
Perpétua morreu martirizada com outros cristãos e se destacou por ter sido mãe durante o cativeiro, ser uma nobre romana, resistir aos apelos da família e a tudo renunciar para não negar sua fé em Cristo e por guiar a espada de seu algoz depois de receber um golpe mal dado, mostrando imensa coragem e nenhum temor da morte.
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