Thomas More, por vezes latinizado em Thomas Morus ou aportuguesado em Tomás Morus (Londres, 7 de Fevereiro de 1478 — Londres, 6 de Julho de 1535) foi homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra.
É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento.
Foi canonizado como santo da Igreja Católica em 9 de Maio de 1935 e sua festa litúrgica se dá em 22 de Junho.
Tomás More nasceu em Chelsea, Londres, na Inglaterra, no ano de 1478.
Seus pais eram cristãos e educaram os filhos no seguimento de Cristo. Aos treze anos de idade, ele foi trabalhar como mensageiro do arcebispo de Canterbury, que, percebendo a sua brilhante inteligência, o enviou para a Universidade de Oxford.
Seu pai, que era um juiz, mandava apenas o dinheiro indispensável para seus gastos.
Aos vinte e dois anos, já era doutor em direto e um brilhante professor. Como não tinha dinheiro, sua diversão era escrever e ler bons livros.
Além de intelectual brilhante, tinha uma personalidade muito simpática, um excelente bom humor e uma devoção cristã arrebatadora.
Chegou a pensar em ser um religioso, vivendo por quatro anos num mosteiro, mas desistiu. Tentou tornar-se um franciscano, mas sentiu que não era o seu caminho.
Então, decidiu pela vocação do matrimônio.
Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. Mas sua vocação ia além, estava na política e literatura.
Tomás Morus de vermelho escuro, ao lado do pai e seus descendentes.
Contudo Tomás nunca se afastou dos pobres e necessitados, os quais visitava para melhor atender suas reais necessidades.
Sua casa sempre estava repleta de intelectuais e pessoas humildes, preferindo a estes mais que aos ricos, evitando a vida sofisticada e mundana da corte.
Sua esposa e seus filhos o amavam e admiravam, pelo caráter e pelo bom humor, que era constante em qualquer situação.
A sua contribuição para a literatura universal foi importante e relevante.
Escreveu obras famosas, como: "O diálogo do conforto contra as tribulações", um dos mais tradicionais e respeitados livros da literatura britânica. Outros livros famosos são "Utopia" e "Oração para o bom humor".
Em 1529, Tomás More era o chanceler do Parlamento da Inglaterra e o rei, Henrique VIII.
Em 1529, Tomás More era o chanceler do Parlamento da Inglaterra e o rei, Henrique VIII.
No ano seguinte, o rei tentou desfazer seu legítimo matrimônio com a rainha Catarina de Aragão, para unir-se em novo enlace com a cortesã Ana Bolena.
Houve uma longa controvérsia a respeito, envolvendo a Igreja, a Inglaterra e boa parte do mundo, que acabou numa grande tragédia.
Henrique VIII casou com Ana, contrariando todas as leis da Igreja que se baseiam no Evangelho, que reconhece a indissolubilidade do matrimônio.
Para isso usou o Parlamento inglês, que se curvou e publicou o Ato de Supremacia, que proclamava o rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra.
A seguir, o rei mandou prender e matar seus opositores.
A seguir, o rei mandou prender e matar seus opositores.
Entre eles estavam o chanceler Tomás More e o bispo católico João Fisher, as figuras mais influentes da corte.
Os dois foram decapitados: o primeiro foi João, em 22 de junho de 1535, e duas semanas depois foi a vez de Tomás, que não aceitou o pedido de sua família para renegar a religião católica, sua fé e, ainda, fugir da Inglaterra.
Ambos foram mártires na Inglaterra, os quais, com o testemunho cristão, combateram a favor da unidade da Igreja Católica Apostólica Romana, num tempo de violência e paixão.
Cela onde ficou preso, na Torre de Londres.
Suas lembranças continuam vivas em verso e prosa, nos teatros e nos cinemas.
Seus exemplos são reverenciados pela Igreja, pois eles foram canonizados na mesma cerimônia pelo papa Pio XI, em 1935, que indicou o dia 22 de junho para a festa de ambos.
São Tomás More deixou registrada a sua irreverência àquela farsa real por meio da declaração pública que pronunciou antes de morrer:
São Tomás More deixou registrada a sua irreverência àquela farsa real por meio da declaração pública que pronunciou antes de morrer:
"Sedes minhas testemunhas de que eu morro na fé pela fé da Igreja de Roma e morro fiel servidor de Deus e do rei, mas primeiro de Deus. Rogai a Deus a fim de que ilumine o rei e o aconselhe".
Tomás Morus e a filha , acredita-se , que mais gostava, margareth, se despedem antes do martírio.
O papa João Paulo II, no ano 2000, declarou são Tomás More Padroeiro dos Políticos.
Sua trágica morte - condenado a pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja é à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário.
Devido à sua retidão e exemplo de vida cristã, foi reconhecido como mártir, declarado beato em 29 de dezembro de 1886 por decreto do Papa Leão XIII e canonizado em 9 de maio de 1935 pelo Papa Pio XI. O seu dia festivo é 22 de Junho.
Deixou vários escritos de profunda espiritualidade e de defesa do magistério da Igreja.
Em 1557, seu genro, William Roper, escreveu sua primeira biografia.
Desde a sua beatificação e posterior canonização publicaram-se muitas outras.
Patrono dos políticos e dos governantes
Em 2000, São Thomas More foi declarado "Patrono dos Estadistas e Políticos" pelo Papa João Paulo II:
"Esta harmonia do natural com o sobrenatural é talvez o elemento que melhor define a personalidade do grande estadista inglês: viveu a sua intensa vida pública com humildade simples, caracterizada pelo proverbial «bom humor» que sempre manteve, mesmo na iminência da morte.
Esta foi a meta a que o levou a sua paixão pela verdade. O homem não pode separar-se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, "o homem é criatura de Deus, e por isso os direitos humanos têm a sua origem n'Ele, baseiam-se no desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder-se-ia dizer, com uma expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus" (Discurso, 7 de abril de 1998).
É precisamente na defesa dos direitos da consciência que brilha com luz mais intensa o exemplo de Tomás Moro.
Pode-se dizer que viveu de modo singular o valor de uma consciência moral que é "testemunho do próprio Deus, cuja voz e juízo penetram no íntimo do homem até às raízes da sua alma" (Carta enc. Veritatis splendor, 58), embora, no âmbito da acção contra os hereges, tenha sofrido dos limites da cultura de então."
Obras de More (editadas em várias línguas)
- The Workes of Sir Thomas More Knyght, sometyme Lorde Chauncellour of England, written by him in the Englysh tongue ("Trabalhos de Sir Thomas More" escrito em inglês). Ed. William Rastell, London, 1557.
- Thomae Mori Opera Omnia Latina. Lovaina, 1565. Reimpresso em Frankfurt, 1963.
- Um homem para todas as horas (Correspondência de Tomás Moro). The Correspondence of Sir Thomas More. Princeton: Elizabeth F. Rogers Edit., 1947.
- Thomas More's Prayer Book. Louis L. Martz & Richard S. Sylvester. New Haven, Connecticut, 1969.
- Diálogo da fortaleza contra a tribulação.
- A Agonia de Cristo.
- A Apologia.
- Um homem só (Cartas da torre).
- Os Novíssimos.
- Réplica a Martinho Lutero.
- Diálogo contra as heresias.
- Súplica das Almas.
- Refutação da Resposta de Tyndale.
- Debelação de Salem e Bizancio.
- Tratado sobre a Paixão de Cristo.
- Expositio Passionis.
- Tratado para receber o Corpo de Nosso Senhor.
- Piedosa Instrução.
- Orações.
- Epitáfio.
- Vida de Pico della Mirandola.
- História de Ricardo III.
- Utopia.
Relíquias
Os padres jesuítas em Stonyhurst possuem uma notável colecção de relíquias secundárias, a maioria das quais lhes chegou vindas do padre Thomas More, S.J., falecido em 1795, o último herdeiro masculino do mártir.
Estas incluem o seu chapéu, boné, crucifixo de ouro, um selo de prata, "George", e outros artigos.
A camisa de cilício usada por ele durante muitos anos e enviada a sua filha Margaret Roper na véspera do seu martírio, é preservada pelos agostinianos canoneses de Abbots Leigh, Devonshire, onde foi levada por Margaret Clements, filha adotiva de Sir Thomas. Uma série de autógrafos e cartas estão no Museu Britânico.
São José Maria Escrivá, devoto de São Tomás Morus, diante do móvel usado para decapitá-lo.
Filme
Em 1966, foi feito o filme A Man for All Seasons, que no Brasil recebeu o título de O Homem que Não Vendeu sua Alma. O filme, de Fred Zinnemann, conta a história de Thomas Morus, desde o divórcio de Henrique VIII até a perseguição feita pelo rei a Thomas Morus. Thomas foi interpretado por Paul Scofield.
Tomás Morus diante da sentença
Tomás Morus preso
Tomás Morus e sua filha, antes do martírio.
ALGUMAS FONTES:
O filme "A man for all seasons", título em português "O homem que não vendeu sua alma", recebeu três Oscars da Academia, inclusive de melhor ator. E Paul Scodield, que interpretou São Thomas, recebeu cinco prêmios por essa interpretação, incluindo o Oscar de melhor ator principal e o Tony, mais três prêmios.
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