Relicário de Santa Ana
II
1. Ana, sua mulher, chorava e lamentava em dor: ¨Ficarei chorando a minha
viuvez e a minha esterilidade¨.
2. Quando afinal chegou a grande festa do Senhor, Judite, sua criada,
disse-lhe:
¨Até quando humilharás a alma? Eis que chegou a grande festa e não
podes entristecer-te. Pega este véu com selo real que a dona da tecelagem me deu
pois não posso usá-lo já que sou simples serva.¨
3. Disse-lhe Ana: ¨Afasta-te de mim pois nada fiz. O Senhor me humilhou o
suficiente para que eu possa usá-lo. Acaso algum ímpio to deu para me fazerdes
cúmplice do pecado?¨.
Respondeu Judite: ¨Por que iria eu maldizer-te se o
próprio Senhor já te amaldiçoou a não deixardes descendente em Israel?¨
4. Mesmo estando profundamente triste, Ana retirou seus trajes de luto,
pôs o véu e os trajes de bodas.
À hora nona, desceu ao jardim e foi passear.
Então, assentou-se sob a sombra de um loureiro e orou ao Senhor:
¨Ó Deus dos
nossos pais: ouvi-me e bendizei-me como fizeste com o ventre de Sara, que
concebeu a Isaac¨.
III
1. E olhando para o céu, observou um ninho de passarinhos existente no
loureiro. Voltou então a lamentar-se, dizendo:
Santa Ana em oração recebendo a anunciação do nascimento de Maria e São Joaquim com os pastores, recebendo o mesmo aviso.
¨Ai de mim! Por que nasci? Em que hora fui concebida? Vim ao mundo para ser terra maldita entre os filhos de Israel, pois me injuriam e me expulsam do Templo do Senhor.
2. Ai de mim! A que posso comparar-me?
Certamente não posso me comparar
às aves do céu porque elas fecundam na tua presença, ó Senhor. Ai de mim! A que
posso comparar-me?
Não posso comparar-me às feras da terra porque esses animais
irracionais reproduzem-se diante dos teus olhos, ó Senhor.
3. Ai de mim! A que posso comparar-me?
Certamente não posso me comparar
sequer a estas águas porque também elas são férteis perante ti, Senhor.
Ai de
mim! A que posso comparar-me? Não posso ao menos comparar-me à terra porque ela
é fecunda e produz frutos a seu tempo, bendizendo-te, ó Senhor.¨
(Sl 44,3):
" A graça derramou-se em teus lábios;
por isso te abençoou Deus para sempre"
por isso te abençoou Deus para sempre"
Ó Deus,
que vos dignastes conferir a Santa Ana a graça de dar à luz
a Mãe do vosso Filho unigênito,
fazei por vossa misericórdia que,
celebrando a sua solenidade,
sintamos os efeitos da sua proteção.
Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém
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