É fácil perceber um crescente interesse de católicos e o apego de alguns padres pela Liturgia, os ritos da Missa, o que é bom, aparentemente.
O problema é vermos os ritos, normas, virarem mandamentos, como pecados mortais.
Um pároco, recentemente, proibiu outro padre de fazer missas "carismáticas" em nossa Capela, dizendo que a Missa não deve ser um show. O problema é que o povo estava gostando do estilo do padre "carismático". As Missas estavam ficando mais cheias no dia do padre convidado do que no dia do padre responsável pela Paróquia.
O referido Padre proibiu músicas muito animadas, "abraço da paz é só apertar a mão de quem está do seu lado direito e esquerdo", ele disse.
Fiquei pensando aonde nossa Igreja quer chegar quando um Pároco praticamente persegue um padre convidado por ciúmes? Pelo o menos é o que ficou parecendo.
Fiquei pensando mais: ainda que o abraço da paz tenha sido normatizado por Roma, Papa Bento, etc. ( na verdade, ainda não li o documento que fala disso) isso significa que nossas igrejas precisam aderir sem questionar?
As Igrejas locais não deveriam ter um mínimo de liberdade para fazer sua Liturgia respeitando as carcerísticas de seu povo?
O povo brasileiro é alegria, calor humano, gosta de abraçar, não só apertar a mão, gosta de beijar, expressar afeto, carinho... bem diferente do povo europeu ou de alguns outros países.
A Missa deve ser então uma festa triste, sem calor?
Outro dia, me disseram que um Catequista estava ensinando que não podíamos sair contentes da Missa, porque a Missa era um sacrifício... De onde ele tirou isso é que não sei.
Como pode alguém gostar de ir a uma Missa para ficar triste?
A Missa é um sacrifício, mas nossas vidas já são também. Queremos ir para a Missa para sarimos alegres e não com a cara de quem está no inverno da Europa. O Sacrifício de Cristo deve ser adorado, mas sem perder a alegria, pois o Senhor ressuscitou!... O Senhor nos salvou!.... O Senhor está no meio de nós!
Vejo crescer, no meio dos católicos, muitos conservadores apegados aos ritos da liturgia, mas não apegados à misericórdia.
Vejo crescer, no meio dos católicos, padres novos, mas com cabeça de quem vive antes do Concíclio Vaticano II: como se vestir uma batina fosse tudo ou colocar 6 velas num altar, porque o Papa Bento XVI mandou, fosse o auge da Liturgia!
Que grande reforma litúrgica!
Penso na alegria de uma Missa africana: cantar e dançar levando as ofertas... cantar e dançar com gestos como seu povo sempre fez, preservando sua tradição sem deixar de ser católico.
Acho que falta isso na Igreja Católica do Brasil: ser católico romano sem precisar deixar de ser brasileiro.
A Liturgia bem feita pode nos levar a rezar melhor, sem dúvida. Mas o apego apenas ao rito, sem levar em consideração o contexto, o povo, os gostos, o que pode trazer mais pessoas para Cristo, etc., também pode ser um engessamento da Igreja.

O apego aos ritos, às vezes, pode é nos transformar em fariseus, que por fora parecem religiosos, mas por dentro são vazios.
Os católicos fariseus ficam preocupados se o Salmo está sendo bem cantado, ao invés de meditarem sua letra.
Os católicos fariseus ficam incomodados se os outros não se ajoelharam diante do Santíssimo, ao invés de ele estar apenas ajoelhado adorando e pensando no Senhor.
Os católicos fariseus não rezam, fiscalizam os outros, não vivem a Missa, assistem os outros, não louvam a Deus com o coração, apenas com os lábios.
Independente de qualquer coisa, a Missa é o Sacrifício de Cristo e me esforço para assisti-la mesmo quando o padre é péssimo na celebração, mas criticá-lo e informá-lo que discordamos é fundamental. Quem sabe ele muda ou repensa seus valores e faz a Igreja mudar também. Queremos Missa, mas com alegria e com nossa identidade na Liturgia. Padres, escutem seus fiéis! Tolerem mais! Negociem mais!