domingo, 22 de agosto de 2010

AMO A MISSA

GOSTO MUITO DE ASSISTIR A SANTA MISSA. LEMBRO QUE QUANDO ME CONVERTI E SENTI DEUS EM MINHA VIDA, ASSISTIR UMA MISSA ERA ALGO IMENSAMENTE MÁGICO,ATÉ MINHA PELE MUDAVA AO PRONUNCIAR AS ORAÇÕES E CANTAR, SENTIA UMA CHAMA, OU UM AR SERENO DENTRO E FORA DE MIM. O PODER DA ORAÇÃO É ALGO REALMENTE MISTERIOSO.
HOJE, TAMBÉM CONTINUO SENTINDO DEUS EM MINHAS ORAÇÕES, MAS DE FORMA, NÃO SEI SE ENCONTRO AS PALAVRAS CERTAS, CALMAS OU TALVEZ PRECISE REAVIVAR AQUELA CHAMA DE DESCOBERTA, PORÉM ACHO QUE COMO SERES HUMANOS, SEMPRE QUE DESCOBRIMOS ALGO NOVO, COMO UM PRIMEIRO AMOR, A DESCOBERTA É SEMPRE GRANDIOSA DEPOIS, COM O TEMPO, VAMOS CONTINUANDO SENTINDO O AMOR, MAS JÁ É ALGO MAIS MADURO TALVEZ.

BEM, NO MOMENTO SÓ QUERIA REGISTRAR COMO EU GOSTO DE ASSISTIR A MISSA. A MISSA É A ORAÇÃO MAIS PERFEITA, POR ADORARMOS JESUS E RECEBÊ-O NELA.
GOSTO MUITO DE MISSAS SIMPLES, QUE NÃO DEMOREM MUITO, COM O PADRE FALANDO DEMAIS, ÀS VEZES COISAS QUE NÃO EDIFICAM NADA E NADA TÊM A VER COM A MISSA. GOSTO MUITAS VEZES DE MISSAS SILENCIOSAS SEM CANTO SÓ AS ORAÇÕES, ACHO QUE EU ASSISTI MUITO MISSAS ASSIM, DURANTE A SEMANA EM MINHA PARÓQUIA, EM MINHA ADOLESCÊNCIA E ME ACOSTUMEI, MAS GOSTO DE REZAR E,M SILÊNCIO.

TENHO COLEGAS QUE SÓ GOSTAM DE MISSAS "ANIMADAS", MUITA MÚSICA, COREOGRAFIAS, ESTILO CARISMÁTICA. ÀS VEZES, GOSTO DESSE ESTILO. ACHO QUE AS MISSAS TÊM DE SER ANIMADAS SIM, PRINCIPALMENTE PARA O POVO EM GERAL, OU AQUELES QUE TÊM POUCA FÉ, OU CARECEM DE UM ESTÍMULO A MAIS PARA VER E SENTIR DEUS. CREIO QUE QUANDO A GENTE SENTI A GRANDEZA DE DEUS, ESSAS COISAS NÃO SÃO TÃO IMPORTANTES, MAS GOSTO MUITO TAMBÉM DESSAS "ALEGRIAS" EM MISSAS.

A IGREJA PRECISA MESMO DE UM ESTILO QUE SE ADEQUE ÀS NECESSIDADES DO POVO. LEMBRO DAS PALAVRAS DE SÃO PAULO, QUE PARA ALGUNS É PRECISO DAR LEITE E SÓ DEPOIS ALIMENTOS SÓLIDOS.

PARA MUITOS FIÉIS, UMA GRANDE MAIORIA, FICAM REALMENTE SÓ COM O LEITE, PRECISAM MUITO DE ESTÍMULOS VISUAIS, AUDITIVOS, TÁTEIS, PARA PODER MERGULHAR EM DEUS, OU SENTIR CREDIBILIDADE EM SUA IGREJA.

É CLARO QUE CHEGAMOS A CONHECER A DEUS, ATRAVÉS DESSES SENTIDOS, MAS MUITOS SÓ FICAM NELES. PRECISAM DE UMA BANDA, DE ALGUÉM COM UMA LINDA VOZ,DE ORAÇÕES EMOCIONADAS, ETC.

TANTOS SANTOS CHEGARAM A SANTIDADE OUVINDO MISSAS EM LATIM, QUE MAL ENTENDIAM. REZANDO SÓ PATER NOSTER E AVE MARIA, OU EM SILÊNCIO CONTÍNUO NOS DESERTOS OU MOSTEIROS...
MAS CADA SER HUMANO É DIFERENTE.

ACHO QUE A IGREJA TEM QUE SER DE FATO CATÓLICA, UNIVERSAL, E INCORPORAR EM SI TODOS OS ESTILOS, ABRIR CADA VEZ MAIS ESPAÇO PARA A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA, VALORIZAR ESSE MODO DE SER IGREJA, QUE É CAPAZ DE SE CONECTAR ÀS NECESSIDADES MAIS MODERNAS DO POVO.

ACHO QUE UM DOS GRANDES PROBLEMAS DA IGREJA, É ESSA DEMORA DELA EM ACEITAR O QUE É NOVO, EM VESTIR-SE MODERNA, SEM PERDER O EVANGELHO.

ALGO QUE, ÀS VEZES, VEJO NAS PORTAS DAS IGREJAS PROTESTANTES É CONVITES, INFORMAÇÕES DE HORÁRIO DE CULTOS, COMO UM VERDADEIRO MARKETING.

E ESSE TIPO DE MARKETING É UMA FORMA DE EVANGELIZAR, MAS ALGO QUE NÃO VEJO EM NOSSA IGREJA. EM ALGUMAS POUCAS PARÓQUIAS JÁ ENCONTREI, MAS MUITO POUCAS.
CLARO QUE ISSO É APENAS UM EXEMPLO.
OUTRA QUESTÃO É A VALORIZAÇÃO DO LEIGO NA IGREJA, QUE PRATICAMENTE NÃO EXISTE, MESMO APÓS O CONCÍLIO VATICANO II.

 O LEIGO, AINDA, NÃO TEM NO SEIO DA IGREJA UM ESPAÇO DE VALOR. O SACERDÓCIO LAICAL DEVERIA SER MAIS PRESENTE. 



sábado, 21 de agosto de 2010

ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA

 A Dormição

"Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados" ( I Cor 15,51)

Não há registros históricos do momento da morte de Maria.

 Diz uma tradição cristã que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 42 d.C. e seu corpo depositado no Getsêmani.



Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de "morte". 

Alguns teólogos e mesmo santos da Igreja Católica, por devoção, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria "dormitado" e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte.

A Igreja definiu apenas que:
 
 "...a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
 
(CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA PIO XII "MUNIFICENTISSIMUS DEUS)




Na liturgia bizantina a festa da dormição ocorre no dia 31 de agosto, é a Dormição da SS. Mãe de Deus, "Kóimesis" em grego e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir. 

A partir de 1 de agosto, na Igreja oriental e bizantina (ortodoxos e greco-católicos) inicia-se a preparação para esta festa. 

O dia 15 de agosto foi estabelecido pelo imperador Maurício (582-602), do Império Romano do Oriente, mantendo assim uma antiga tradição, no Ocidente foi introduzida pelo Papa Sérgio I. 






Do ponto de vista oficial do magistério, entretanto, a Igreja Católica, sobre a matéria da morte de Maria, nunca se pronunciou, o que coloca o tema na livre devoção dos fiéis.

Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si. Sobre a dormição de Maria, entretanto,
João Paulo II assim se manifestou:



(...) O Novo Testamento não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se não tivesse sido assim, como teria podido passar desapercebida essa notícia a seu contemporâneos sem que chegasse, de alguma maneira até nós?



No que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que querem excluir as causas naturais. Mais importante é investigar a atitude espiritual da Virgem no momento de deixar este mundo. A este propósito, São Francisco de Sales considera que a morte de Maria se produziu como efeito de um ímpeto de amor. Fala de uma morte "no amor, por causa do amor e por amor" e por isso chega a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor por seu filho Jesus (Tratado do Amor de Deus, Liv. 7, cc. XIII-XIV).



Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma "dormição". 





Assunção de Maria.



A Assunção de Maria é a crença tradicional realizada pelos cristãos católicos, ortodoxos, anglicanos, e algumas denominações protestantes que a Virgem Maria no final de sua vida foi fisicamente assunta para o céu.







A Igreja Católica ensina esta crença como um dogma de que a Virgem Maria "ao concluir o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma para a glória celestial." 

 Isto significa que Maria foi transportada para o céu com o seu corpo e alma unidas. 

Na Bíblia, vemos que outros personagens também foram elevados ao céu, como Moisés, apesar de morto (Jd 1,9), Henoc que "pela fé, foi levado, a fim de escapar à morte e não foi mais encontrado, porque Deus o levara (...)" (Hebreus, 11,5), Elias  que subiu num carro de fogo, e foi arrebatado por Deus, em corpo e alma. (II Reis, II, 1-11).
Esta doutrina foi dogmaticamente e infalivelmente definida pelo Papa Pio XII, em 1 de novembro de 1950, na sua Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. 

A festa da assunção para o céu da Virgem Maria é celebrada como a "Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria" pelos católicos, e como a Dormição por cristãos ortodoxos.

 Nestas denominações a Assunção de Maria é uma grande festa, normalmente comemorada no dia 15 de agosto.



O dogma da Assunção refere-se a que a Mãe de Deus, no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. 

Este dogma foi proclamado ex cathedra pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, por meio da Constituição Munificentissimus Deus:






"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência;
para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".

 






O Novo Catecismo da Igreja Católica declara:


"A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos" (n. 966). 







Nos Livros Apócrifos

"Tenho muitas outras coisas para escrever-vos, porém, não quero fazê-lo por tinta e papel, pois espero ir até vós e falar-lhes face a face, para que nosso gozo seja completo" (2João 1,12).
 

Muitas tradições religiosas em relação à Maria, guardadas na memória popular e em dogmas de fé, têm suas origens nos apócrifos, assim como: a palma e o véu de nossa Senhora; as roupas que ela confeccionou para usar no dia de sua morte; sua assunção ao céu; a consagração à Maria e de Maria; os títulos que Maria recebeu na ladainha dedicada a ela; os nomes de seu pai e de sua mãe; a visita que ela e Jesus receberam dos magos; o parto em uma manjedoura, etc.


 Vejamos a passagem do livro de São João sobre a Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria:


"E Pedro tendo no cantar do hino, todos os poderes dos céus respondiam com um Aleluia.

E então o rosto da mãe do Senhor brilhou mais brilhante que a luz, e ela foi elevada para as alturas e abençoava cada um dos apóstolos com o própria mão, e todo deram glória a Deus;
e o Senhor esticando adiante suas mãos puras,  recebeu sua alma e seu corpo inocente e sagrado.
E com a partida de sua alma e corpo inocente o lugar foi enchido com perfume e luz inefável; e, vê, uma voz para fora do céu foi ouvida, dizendo: Tu és bendita entre as mulheres".




Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a "dormição" de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai S. Dionísio Aeropagita, discípulo de s. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.

Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria. 


S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.







Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor.



S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora.

Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava.

Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial! 


 

Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. 

Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.



Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.






 Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem".



O TEXTO A SEGUIR FOI RETIRADO DO SITE: http://www.papirologia-nt.com/ass-mar.htm



Tendo em conta as diferentes tradições, procuraremos apresentar duas opções como data da Assunção de Maria ao Céu.








Na Igreja da Dormição, em Jerusalém, há um belo ícone que representa o último sono de Maria. 

Enquanto sua alma, como uma criancinha, é recebida nos braços de Jesus, seu corpo repousa no meio dos Apóstolos.

Estamos muito provavelmente depois do ano 42.

 Os Apóstolos voltaram a Jerusalém para este último repouso da Virgem. 




Sobre este ícone podemos constatar a presença de dez Apóstolos. Falta Tiago Maior, o Irmão de João, pois ele foi martirizado no ano 42, ele, o primeiro entre os Apóstolos a beber o Cálice do Senhor.


É, pois, da Jerusalém celeste que Tiago assistirá à Assunção de Maria ao Céu.

 Sobre este ícone, falta também Tomé, que, segundo uns escritos apócrifos, teria chegado atrasado para assistir ao último repouso da Virgem.

 Tomé teria, porém, descido ao Vale do Cédron onde teria constatado que o corpo de Maria não estava no túmulo.

 O túmulo de Maria, como o de Jesus, permanece vazio. 

Jesus e Maria estão ressuscitados. 








Será no ano 49 ou antes do ano 49 (ano do Concílio de Jerusalém), que devemos colocar a ressurreição de Maria? 

No ano 49, Maria teria 70 anos.


Sabemos que João participou do Concílio de Jerusalém com Tiago, o Irmão do Senhor, e Pedro (Cefas) (Cf. Gal 2, 9).


 Se Maria foi elevada ao Céu no ano 49, Ela teria acompanhado durante 19 anos o crescimento da Igreja depois da morte de Jesus. 

É uma primeira opção que tem certamente o seu valor, pois em nossa pesquisa não há textos indiscutíveis, mas somente tradições.






Numa segunda opção levaremos em conta as datas da redação do Evangelho de Lucas, particularmente o Evangelho da Infância. 

Podemos supor, sem poder prová-lo, que Lucas encontrou a Virgem em Éfeso durante os oitos anos passados em Filipos.


Uma tradição reconhece Lucas como o pintor (iconógrafo) da Virgem Maria. 

Quando Lucas teria “escrito” o ícone da Virgem, feito o retrato de Nossa Senhora? 

Podemos pensar que quando ele se encontrava em Filipos, na Macedônia, e Maria estava em Éfeso, Lucas teria ido visita-la em Éfeso. Filipos e Éfeso, por via marítima, são próximos.

 Somente alguns dias de viagem.


Em todo caso, é de boa informação que Lucas escreveu seu Evangelho da Infância (Lc 1,5 – 2,52) e fez o retrato de Nossa Senhora. 

Aqui, estamos entre os anos 50 e 58 (Cf. Datas dos escritos do Novo Testamento, La Terre Sainte, Jerusalém, pp. 179-180, Julho-Agosto 1999).






Na sua liturgia, na festa da Assunção, a Igreja nos apresenta um trecho do Apocalipse de São João (Ap 11,19ª; 12,1.3-6ª.10ab). 

Esta passagem fala duma “Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,l). 

A perspectiva não é a da Mãe de Jesus como no Evangelho da Infância; não é também da Mulher das Bodas de Caná, como no início da vida pública de Jesus (Jo 2,1-12); não é tão pouco a Mulher ao pé da Cruz (Jo 19,25-27). 

A perspectiva é a duma Mulher Celeste, uma Mulher arrebatada ao Céu. 

Esta leitura, que é escolhida para a Festa da Assunção de Nossa Senhora, nos colocaria entre os anos 68 e 70, exatamente no tempo em que São João poderia ter redigido o Apocalipse. 

Nesse tempo, Maria já teria sido assunta em corpo e alma à Glória do Céu. 










Se esta Assunção, como nos diz outra tradição, teve lugar em Jerusalém, podemos sugerir como hipótese final, para a dormição de Maria, o ano 65. 

Estamos um pouco antes da revolta judaica (66-70).

 João e Maria teriam, por uma última vez, voltado a Jerusalém.

 É então que Maria teria adormecido no seu último sono no Monte Sião, teria sido sepultada no Vale do Cédron, para de lá ser levada ao Céu. 







João, depois da Assunção de Maria, teria voltado a Éfeso. 

As grandes perseguições tinham começado com o incêndio de Roma (na noite do 18-19 de julho de 64). 

No ano 68, deu-se a morte de Nero. 

João é exilado na Ilha de Patmos. É de lá que escreve o Apocalipse que leva o seu nome.






O mistério pascal de Jesus se prolonga na Igreja. A Igreja é apresentada como a “Mulher grávida, que grita entre as dores do parto, atormentada para dar a luz” (Ap 12,2).


João, nos últimos capítulos do Apocalipse, não faz alusão à destruição do Templo de Jerusalém.

 Ele apresenta a Igreja como a Esposa do Cordeiro que vai ao encontro do seu Esposo (Apocalipse, capítulos 21 e 22). 







Podemos retomar esta segunda opção, esta segunda data, do ano 65, tentando concretizar a partir do título da revista franciscana “A Terra Santa” de julho-agosto de 1999: “Num belo céu de verão, a Assunção de Maria”: 










No dia 15 do mês de agosto (data litúrgica), a Virgem Imaculada, Maria, Mãe de Jesus, foi elevada ao Céu, em corpo e alma, com a idade de 86 anos, em um Beijo de Deus.

 Como Jesus, na Páscoa do ano 30, com a idade de 36 anos, foi arrebatado ao Céu, em corpo e alma, em um Beijo de Deus.

 (Lucas fala do arrebatamento de Jesus, da analempsis de Jesus no seu Evangelho e nos Atos dos Apóstolos, como Elias tinha sido arrebatado ao Céu num carro de fogo. Para Lucas, Jesus é o Novo Elias).










Jesus e Maria são as primícias de todos os eleitos que devem também ressuscitar dos mortos, que devem também ser arrebatados ao Céu em um Beijo de Deus. 

Então, no fim dos tempos, Moisés, com todos os eleitos, será também arrebatado ao Céu em um Beijo de Deus, por ocasião da volta do Senhor Ressuscitado.






Os primeiros cristãos viviam desta esperança da volta do Senhor Jesus. 

No ano 50, Paulo pregava esta esperança na cidade de Tessalônica. Esta pregação de Paulo chegou até nós particularmente através das suas cartas aos Tessalonicenses (1Ts e 2Ts).













Que Israel, proclamando a Assunção de Moisés ao Céu em um Beijo de Deus, possa também reconhecer o amor de Deus, não somente para com Moisés, mas também para com uma Filha de Sião, a Mãe de Jesus, assunta ao Céu em um Beijo de Deus.


Crendo neste amor de Deus para com Maria, para com Moisés e para com todos os homens, podemos pedir a Deus que sejam destruídos os muros de separação que se levantam entre os povos e que sejamos reunidos neste Beijo de Deus, que é a manifestação da Agape e do Eros de Deus.


Bento XVI, na sua carta encíclica “Deus Caritas Est”, nos falou oportunamente desta Agape e deste Eros que no amor infinito de Deus se identificam.



















quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PEQUENO ORATÓRIO DE SANTA CLARA, DE CECÍLIA MEIRELES




SERENATA


UMA VOZ CANTAVA ao longe
entre o luar e as pedras.
E nos palácios fechados,
entregues às sentinelas,
- exaustas de tantas mortes,
de tantas guerras! -
estremeciam os sonhos
no coração das donzelas.
Ah! Que estranha serenata,
eco de invisíveis festas!
A quem se dirigiriam
palavras de amor tão belas,
tão ditosas
(de que divinos poetas?)
como as que andavam lá fora,
pelas ruas e vielas,
diáfanas, à lua,
graves, nas pedras...?






CONVITE


FECHAI OS OLHOS, donzelas,
sobre a estranha serenata!
Não é por vós que suspira,
enamorada...
Fala com Dona Pobreza,
o homem que na noite passa.
Por ela se transfigura,
- que é a sua Amada!
Por ela esquece o que tinha:
prestígio, família, casa...
Fechai os olhos, donzelas!
(Mas, se sentis perturbada
pela grande voz de noite
a solidão da alma,
- abandonai o que tendes,
e segui também sem nada
essa flor de juventude
que canta e passa)






ECO


CANTARA AO LONGE Francisco
jogral de Deus deslumbrado.
Quem se mirara em seus olhos,
seguira atrás de seu passo!
(Um filho de mercadores
pode ser mais que um figaldo,
Se Deus o espera
com seu comovido abraço...)
Ah! Que celeste destino,
Ser pobre e andar a seu lado!
Só de perfeita alegria
Levar repleto o regaço!
Beijar leprosos,
sem se sentir enojado!
Converter homens e bichos!
Falar com os anjos do espaço!
(Ah! Se eu fora a sombra, ao menos,
desse jogral deslumbrado!)



CLARA




VOZ LUMINOSA da noite,
feliz de quem te entendia!
(Num palácio mui guardado,
levantou-se uma menina:
já não pode ser quem era,
tão bem guarnida,
com seus vestidos bordados,
de veludo e musselina;
já não quer saber de noivos:
outra é a sua vida.
Fecha as portas, desce a treva,
que com seu nome ilumina
Que são lágrimas?
Pelo silêncio caminha...)
Um vasto campo deserto,
a larga estrada divina!
Ah! Feliz itinerário!
Sobrenatural partida!




FUGA


ESCUTAI, nobres figalgos:
a menina que criates
é uma vaga sombra
fora de vossa vontade
livre de enganos
e traves.
É uma estrela que procura
outra vez a Eternidade!
Despida de suas jóias
e de seus faustosos trajes,
inclina a cabeça
com terna humildade.
Cortam-lhe as tranças:
ramo de luz nos altares.
Mais clara do que seu nome,
no fogo da Caridade,
queima o que fora e tivera:
- ultrapassa a que criates!






PERSEGUIÇÃO


JÁ PARTIRAM cavaleiros
no encalço da fugitiva.
- Não rireis, ó mercadores,
não rireis da fidalguia!
Iremos buscá-la à força,
morta ou viva!
(Dão de esporas aos cavalos,
entre injúria e zombaria,
com os olhos acesos de ira.
- Não leveis a mão à espada!
Grande pecado seria!)
E vem a monja.
Só de renúncias vestida!
Ah! Clara, se não falasses,
Quem te reconheceria?
Para onde vais tão sem nada,
Nessa alegria?






VOLTA


VOLTARAM os cavaleiros
com grande espanto na cara.
Palácios tristes...
Inútil espada...
Que grandes paixões ocultas
nas altas muralhas!
Pasmado, o povo contempla
aquela chegada...
(Longe ficara a menina
que servir a Deus sonhara,
de glórias vãs esquecida,
da família separada.
Força nenhuma
a seus votos se arrancara.
Aos pés de Cristo caía:
não desejava mais nada.)
Olhavam-se os mercadores,
com grande espanto na cara.






VIDA


DO PANO mais velho usava.
Do pão mais velho comia.
Num leito de vides secas,
e de cilícios vestida,
em travesseiro de pedra,
seu curto sono dormia.
Cada vez mais pobre
tinha de ser sua vida,
entre orações e trabalhos
e milagres que fazia,
a salvar a humanidade
dolorida.
Mãos no altar, a acender luzes,
pés na pedra fria.
Humilde, entre as companheiras;
diante do mal, destemida,
Irmã Clara, em seu mosteiro,
tênue vivia.





MILAGRES


UM DIA veio o Anticristo,
com seus cavalos acesos.
Flechas agudas,
na aljava de cada arqueiro.
Vêm matar e arrasar tudo,
com duros engenhos.
“Irmã Clara, vede, há escadas
sobre o muro do mosteiro!
Soldados de ferro!
Negros sarracenos!”
(Tomou da Hóstia consagrada,
rosto de Deus verdadeiro,
- levantou-a no alto
do parapeito...)
E, na cidade assaltada,
Não se viu mais um guerreiro:
ou fugiram a cavalo
ou caíram de joelhos.






FIM


JÁ QUARENTA ANOS passaram:
é uma velhinha, a menina
que, por amor à pobreza,
se despojou do que tinha,
fez-se monja,
E foi com tanta alegria
servir a Deus nos altares,
E, entre luz e ladainha,
Rogar pelos pecadores
em agonia.
Já passaram quarenta anos:
e hoje a morte se avizinha.
(tão doente, o corpo!
A alma, tão festiva!
Os grandes olhos abertos
uma lágrima sustinham:
não se perdesse no mundo
o seu sonho de menina!)






VOZ


E A NOITE INTEIRA, baixinho
murmurara:
“Levas bom guia contigo,
Não te arreceies de nada:
guarde-te o Senhor nos braços,
- e em seus braços estás salva!
Bendito e louvado seja
Deus, por quem foste criada!...”
E nesse falar, morria
Irmã Clara,
Tão feliz de ter vivido,
tão de amor transfigurada,
que era a morte no seu rosto
como a estrela dalva.
(“Com quem falais tão baixinho,
Bem-aventurada?”
“Com minha alma estou falando...”)
Ah! Com sua alma falava...






LUZ


POR UM SANTO que encontra,
há tanto tempo,
alegremente deixara
o mundo, de estranho enredo,
Para viver pobrezinha,
No maior contentamento,
longe de maldades,
Livre de rancor e medo,
A vencer pecados,
A servir enfermos...
Já está morta. E é tão ditosa
como quem sai de um degredo.
O Papa Inocêncio IV
põe-lhe o seu anel no dedo.
Cardeais, abades, bispos
Fazem o mesmo.
(Mais que as grandes jóias, brilha
seu nome, no tempo!)






GLÓRIA


JÁ SEUS OLHOS se fecharam.
E agora rezam-lhe ofícios.
(Tecem-lhe os anjos grinaldas,
No divino Paraíso.
“Pomba argêntea!” – cantam.
“Estrela claríssima!”)
- Irmã Clara, humilde foste,
Muito além do que é preciso!...
- O Caminho me ensinaste:
o que fiz, foi vir contigo...
(Assim conversam, gloriosos,
Santa Clara e São Francisco.
Cantam os anjos alegres:
Vede o seu sorriso!)
Que assim partem deste mundo
os santos, com seus serviços.
Entre os humanos tormentos,
são exemplo e aviso,
Pois estamos tão cercados
De ciladas e inimigos!
“Santa! Santa! Santa Clara!”
os anjos cantam.
( E aqui com Deus, finalizo)





 
“Pequeno Oratório de Santa Clara”, Cecília Meirelles. Obra Poética, Rio de Janeiro. Companhia José Aguiar Editora. 1967 2ª ed., p623-631.