"Exorto, pois, acima de tudo que se façam pedidos, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens (1 Tim 2,1)"
É prática comum dos cristãos católicos romanos e ortodoxos oferecerem súplicas e orações a Deus pela mediação dos Santos, nossos modelos de fé (Hb 6,12), baseando-se na Bíblia e na Tradição da Igreja que possui registro dessa prática já no século II.
Que Deus escuta nossas orações por meio de seus Santos vemos claramente no relato dos milagres divinos operados por meio de São Paulo nos Atos dos Apóstolos:
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram
levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam
deles os espíritos malignos.
(At 18,11-12)
Essa mediação que é participação na mediação única de Cristo, Mediador da salvação entre Deus e os homens (I Timóteo 2:5), continua após a morte de seus servos (Lc 16:24)
, pois Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Mateus 22:32) .
Assim, vemos os santos mártires orando a Deus no céu no livro do Apocalipse:
“Quando
abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados
por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram
depositários.
E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? ” (Ap 6,9-10)
E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? ” (Ap 6,9-10)
E em outra passagem vemos as orações dos Santos sendo oferecidas por uma corte celeste ( os santos anciões) diante de Deus:
"Os quatro viventes e
os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada
um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos
santos" (Ap 5,8)
Nas orações católicas, é comum oferecermos a Deus os méritos dos seus Santos em vida, para suplicarmos que Deus nos atenda em atenção a eles, pratica também usada em muitas orações bíblicas:
Lembra-te de Abraão, de Isaque, e de Israel, teus servos, aos quais por
ti mesmo juraste, e lhes disseste: Multiplicarei os vossos descendentes
como as estrelas do céu, e lhes darei toda esta terra de que tenho
falado, e eles a possuirão por herança para sempre.
(Êxodo 32:13)
(Êxodo 32:13)
O profeta Eliseu, após a elevação de Elias ao céu, faz um oração invocando a Deus, pelos méritos de Elias, para dividir as águas do rio:
14 Então, pegando da capa de Elias, que
dele caíra, feriu as águas e disse: Onde está o Senhor, o Deus de Elias?
Quando feriu as águas, estas se dividiram de uma à outra banda, e
Eliseu passou.
(2 Re 2,14)
Deus leva em consideração os seus Santos, em vista de seus méritos, mesmo depois de mortos:
O Senhor, porém, teve misericórdia deles, e se compadeceu deles, e se tornou para eles, por amor do seu pacto com Abraão, Isaque e Jacó; e não os quis destruir nem lançá-los da sua presença
(2 Reis 13:23)
Porque se lembrou da sua santa palavra, e de Abraão, seu servo.
(Salmos 105:42)
A Bíblia afirma que as obras, os méritos dos Santos, continuam o trabalho deles na Igreja:
13 Então
ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que
desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem
dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham.
(Apo 14,13)
Descansar dos trabalhos, não significa cessar o poder de intercessão deles, muito pelo contrário, a bíblia nos diz que eles "estão diante do trono de Deus e o servem em seu Templo dia e noite "(Apo 7,15).
Como nos diz a escritura os cristãos possuem “tudo em comum” (At 4,32), assim, "se um membro é glorificado,
todos os outros se congratulam por ele" (1Cor 12, 26)
Assim, nada mais justo termos devoção a algum Santo, tendo-o como modelo de vida e de oração (Hb 6,12) (ICor 13,1), pois ter devoção significa procurar viver do mesmo modo que o Santo viveu, como nos diz Jesus, ao falar da veneração dos judeus por Abraão:
Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.
(João 8:39)
(João 8:39)
A veneração aos Santos é justa e antiga (1 Sm 9,6) (1 Re 18,7) e nos é mostrada em passagens como a de Saul que buscava ver Samuel depois de morto, e apesar de fazer algo contrário aos ensinamentos bíblicos, consegue, após consultar uma Bruxa (necromante), ver a alma do profeta e não tarda em se ajoelhar fazendo-lhe reverência, mostrando a veneração que devemos prestar aos que nos precedem na glória e santidade:
14 Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E
disse ela: Vem subindo um ancião, e está envolto numa capa. Entendendo
Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e lhe fez
reverência.
(1 Sm 28,14)
Os Santos nos cercam e nos protegem com sua intercessão, pois são uma nuvem de testemunhas ao nosso redor (Hb 12,1) torcendo por nós para que alcancemos a salvação com eles, como vemos na palavra que diz :
"Foi então dada a cada um
deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco,
até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que
estavam com eles para ser mortos” (Ap 6,11).
Ofereçamos, pois, a Deus nossas orações e invoquemos seus Santos, pois isso o agrada e em atenção a seus servos.
Deus escuta nossas súplicas feitas, como dizemos em toda oração liturgica, por Nosso Senhor Jesus Cristo, único Mediador da Salvação (I Timóteo 2:5), que não exclui nossa mediação (1 Tim 2,1), nem a de nossos irmãos vivos ou falecidos, como intercessores (Ap 6,9-11), mas faz de nós seus participantes, "operários e administradores dos mistérios de Deus" (1 Co 4,1).
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