Desde o início do cristianismo Maria era cultuada como “Áiepartenon“, isto é, a “sempre Virgem".
A virgindade eterna de Maria é facilmente demonstrável, quer seja
pela Sagrada Escritura ou pela Tradição, quer seja pela lógica.
Maria foi Virgem antes do parto, permaneceu Virgem durante e após o parto.
: “O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem desposada… e o nome da Virgem era Maria“. (Luc. I, 26).
E a própria Virgem dá testemunho disso ao anjo:
“Como se fará isso, pois eu não conheço varão?".
O Evangelho nos mostra que Maria, “deu à luz o seu filho".
" E estando ali, aconteceu completarem-se os dias em que devia dar à luz” (Luc. 1, 6).
Sendo Maria virgem antes do parto, deve sê-lo também durante o
parto, pois o milagre da encarnação é uno e completo.
E isto é muito
conforme à profecia: “uma virgem conceberá e dará à luz".
O Evangelho faz a aplicação desta profecia:
“Ora, tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor, por meio do profeta” (Mat. 1, 22).
Ou seja, conceber e dar à luz, virginalmente!
Deus quis manter a virgindade de Maria antes e
durante o parto, não o precisava, mas assim o fez.
Se não fosse a vontade de Maria manter a castidade perpétua,
sua afirmação (Como se fará isso, pois eu não conheço varão? Lc 1,34) não teria propósito, pois o Anjo poderia lhe responder:
“se ainda não conhece, conhecê-lo-á logo; não é José teu esposo?".
A sua afirmação só faz sentido, dentro do contexto, tendo Maria feito o voto de castidade perpétua.
No Evangelho de São Mateus, diz:
“Maria, sua Mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, ela concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt 1, 18).
Ora, “antes de coabitarem” significa apenas “antes de morarem juntos na mesma casa".
Isso aconteceu quando “José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa "
(Mt 1, 24)
No Evangelho de São Lucas, diz:
“Maria deu à luz o seu filho primogênito (primeiro filho)” (Lc 2,
7).
A
lei mosaica exige que todo o primogênito (primeiro filho) seja consagrado a Deus, quer
seja filho único ou não:
“Consagrar-me-ás todo o primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele é meu” (Ex 13, 2).
Um exemplo elucidativo encontrado no Egito, retirado de uma inscrição judaica:
“Arisoné entre as dores do parto morreu ao dar à luz seu filho primogênito".
Ou no Êxodo, quando Deus disse:
“Todo o primogênito na terra do Egito morrerá” (Ex 11, 5).
E assim aconteceu. “Não havia casa em que não houvesse um morto”
(Ex 11, 30).
Necessariamente, havia, como em todos os países, casais de
um só filho; por exemplo, todos os que se tinham casado nos últimos
anos…
Depois, em outro trecho, Deus ordena:
“contar todos os primogênitos masculinos dos filhos de Israel, da idade de um mês para cima” (Num 3, 40).
Ora, se há primogênito de um mês de idade, como é que se pode exigir que, para haver primeiro, haja um segundo?
Logo, há primogênito sem que haja, necessariamente, um segundo filho.
A primogenitura era um título de dignidade e de honra entre os
Judeus.
Geralmente, o filho, primeiro, tinha direito a certos
privilégios, como os de herdeiro etc, ficando sujeito a certas
obrigações, como vemos na Bíblia. (Lc 2, 23)
É, portanto, de propósito e com razão que o Evangelista chama Jesus: “primogênito” – “ton protótokon“.
Designa-o, deste modo, como herdeiro de David, como tendo um direito
privilegiado sobre esta herança (cf Gen 10, 15 – 21, 12).
E é isso que se pode verificar na apresentação de Jesus no templo:
“Depois
que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo a lei de
Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor: Todo o
varão primogênito será consagrado ao Senhor” (Lc 2, 22)
Em algumas traduções, aparece em São Mateus:
“José não conheceu Maria até que ela desse à luz um filho ”. (Mt 1, 25).
“Até", na linguagem bíblica, refere-se apenas ao passado e não fica claro que após ela dar à luz José a teve como mulher.
A expressão "até que"corresponde ao hebraico ad ki. Esta partícula
na Escritura ocorre para designar apenas o que se deu (ou não se deu)
no passado sem indicação do que havia de acontecer no futuro.
Assim, não significa que José conheceu Maria após o nascimento de Jesus.
O texto do Evangelho quer dizer apenas que "sem que José a conhecesse ela deu à luz o seu filho".
Além é claro das palavras de Maria em Lucas que mostra sua firme intenção de permanecer virgem, pois quando o anjo anuncia o nascimento de Jesus, ela poderia deduzir que se casaria e teria um menino, no entanto pergunta como isso acontecerá pois não conhece homem ( e aí já vemos a ideia de uma noiva que por inspiração divina quer permanecer virgem):
"Como se fará isto, pois não conheço homem?" (Lc 1,34)
Exemplos do uso do até sem indicar que após ele haveria mudança:
“Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte” (II Sam 6, 23).
Ou então, falando Deus a Jacob do alto da escada que este vira em sonhos, disse-lhe:
“Não te abandonarei, enquanto não se cumprir tudo o que disse” (Gen 28, 15).
Quererá isso dizer que Deus o abandonaria depois?
Em outra passagem, Nosso Senhor diz aos seus Apóstolos:
“Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20).
Ora, o texto sagrado deixa claro que a palavra “até” é um
reforço do milagre operado, a saber, a encarnação do verbo por obra do
Espírito Santo, e não por obra de um homem (S. José).
Que Maria permanecesse Virgem depois do parto de Jesus, era também muitíssimo conveniente, porque:
1* Sendo
Jesus, o Filho unigênito de Deus Pai (Jo 1,14) - o Verbo ou Sabedoria de Deus (Jo 1,1)--
convinha que também na terra Ele fosse unigênito de Maria (Mc 6,3), chamada no Evangelho de Mãe (apenas ) de Jesus (Jo 2,1), e não Mãe de Jesus, Tiago e João. Os irmãos ditos no Evangelho, na verdade são primos.
2* Se
Ele tivesse tido irmãos carnais, pensar-se -ia que esses irmãos também
seriam deuses, pois teriam nascido de uma mesma mulher, teriam os mesmos poderes e dons, causando o politeísmo e heresia.
3* É necessário que Deus só tenha uma
esposa, assim como é necessário que Ele tenha uma só Igreja (Apo 21, 9)
Por isso,
assim também a esposa só pode ter um esposo.
E Maria só devia ter um
esposo real: o próprio Deus (Lc 1, 35), e manter-se virgem por toda a vida (Jo 19, 25-27).
4* Se Jesus se manteve virgem sempre, Maria também pôde se manter virgem por uma graça única de Deus.
5* Se Maria tivesse tido filhos de outrem que
não o Espírito Santo, seu Divino esposo, isso seria uma aberração,
semelhante ao adultério.
No Evangelho de Lucas, ao descrever sua infância aos 12 anos de idade, vemos que a família de Jesus eram apenas José e Maria:
"Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
43 e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais;
(...)
e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele." (Lc 2, 41-43;45)
Esposa do Divino Espírito Santo (Lc 1,35) uma vez, Maria
devia se conservar sua esposa fiel sempre, pois ela é a porta pela qual o Verbo de Deus entrou no mundo e a escritura diz:
"Esta porta ficará fechada, não se abrirá, nem entrará por ela homem algum; porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela; por isso ficará fechada. " (Ez 44,2)
Por Maria, Cristo veio ao mundo, assim ela é uma porta sagrada e sua virgindade é o sinal dessa santidade e consagração:
1 Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, a qual olha para o oriente; e ela estava fechada.
2 E disse-me o Senhor: Esta porta ficará
fechada, não se abrirá, nem entrará por ela homem algum; porque o Senhor
Deus de Israel entrou por ela; por isso ficará fechada.
(Ez 44, 1-2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário