Com certeza, o Brasil está contra o Evangelho. Estamos colhendo todos os dias o fruto do egoísmo, da manipulação, da apostasia, do culto à ignorância, ao ódio, às armas. Em poucos meses, assistimos apenas desgraças se abatendo sobre o país. Nosso povo tem feito péssimas escolhas e andado na contramão da proposta evangélica.
Enquanto o Evangelho prega amor e tolerância, os brasileiros escolheram as armas, o ódio, o preconceito. O ataque recente de adolescentes a uma escola pode ter deixado o país horrorizado, mas esse sentimentalismo chega a ser hipócrita para quem luta pelo direito de que todos tenham uma arma. Deveríamos lutar era para que a polícia fosse bem preparada, equipada e estivesse presente em todos os ambientes públicos, o que talvez intimidasse mais pessoas loucas como esses jovens.
Enquanto o Evangelho prega caridade para com os pobres, vemos índios serem perseguidos em confrontos e terem suas terras ameaçadas pelo próprio governo.
Enquanto o Evangelho prega respeito e atenção para vidas humanas, permitimos que casos como Brumadinho aconteçam. Permitimos, pois nosso povo tem sido omisso, fugido de debates políticos, principalmente quando são eles que decidem se uma empresa como Vale continuaria trabalhando numa barragem com riscos para toda a população ou não. Somos omissos e cúmplices, quando elegemos políticos comprometidos com os interesses empresarias do Mercado e não com as necessidades do povo.
Enquanto o Evangelho prega vida em abundância para todos, estamos vendo o perigo de muitos trabalhadores ficarem sem aposentadoria, serem prejudicados em seus direitos, mas alguns grupos sociais são mantidos em seus privilégios sem questionamentos. O pecado do egoísmo e da desigualdade cobrará caro de todos, pois violência e morte não fica restrita apenas aos pobres, cedo ou tarde manchará os condomínios e as mansões dos ricos. Os imigrantes, na Europa , são um bom exemplo da conta do egoísmo que está sendo cobrada agora.
Enquanto o Evangelho nos fala de tolerância, de respeito à religião alheia, como Cristo respeitava os romanos, no Brasil, vemos as igrejas querendo se impor como única verdade, buscando a força de leis para fazer triunfar sua doutrina. O Cristianismo deve converter pela caridade e não por imposição política, muito menos desprezando os espaços de discussão científica.
Enquanto o Evangelho nos fala de repartir o pão, no Brasil, muitos do povo apoiam todos os meios que possam reduzir a participação dos pobres marginalizados na sociedade: fim das cotas, das universidades públicas, de direitos trabalhistas, privatizações, estado mínimo, etc. Ora, num país que possui milhares de pessoas sem qualidade de vida, ou mesmo sem alimentação digna, defender tais ideias equivale a ser favorável à miséria e dificultar aos mais pobres qualquer chance de ascensão social.
Colhemos o fruto também da apostasia e do pecado da Igreja, que em muitas regiões abandonou o povo à fome capitalista de algumas igrejas neo-pentecostais. Essas igrejas incutiram na mente do brasileiro as ideias de que não precisamos de obras, mas só da fé, que religião é apenas não fumar, beber e ler a Bíblia, ressaltam demais apenas "a cura", "o poder", "a vitória", "meu Deus" e não o Pai Nosso, etc. O Brasil deixou a Teologia da Libertação ( que prezava pela luta social e política em favor dos pobres) pela Teologia da Prosperidade ( que favorece apenas os ricos, privilegia o poder do dinheiro, do capitalismo , reduzindo a fé a uma troca de dar o dízimo e receber o cêntuplo).
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