Cura de Tumores da Garganta
Uma moça de Perusa sofrera longamente muita dor com uns tumores da garganta, que o povo chama de escrófulas.
Em sua garganta, dava para contar umas vinte bolhas, de modo que o pescoço dela parecia bem mais grosso que a cabeça.
Sua mãe levou-a muitas vezes ao túmulo da virgem Clara, onde, com toda devoção, implorava a santa em seu favor.
Uma vez, a moça ficou a noite inteira deitada diante do sepulcro, suou muito e os tumores começaram a amolecer e a sair um pouco do lugar.
Com o tempo e pelos méritos de Santa Clara, desapareceram de tal modo que não sobrou absolutamente nenhum vestígio deles.
CURA DA IRMÃ ANDREA
Ainda durante a vida da virgem Clara, uma Irmã chamada Andrea sofreu de um mal semelhante na garganta.
Certamente é estranho que, entre as brasas ardentes, se ocultasse alma tão fria e que, entre virgens prudentes, houvesse uma estulta imprudente.
O certo é que uma noite Andrea apertou a garganta até se afogar, para expulsar o inchaço pela boca, querendo sobrepor-se ao que Deus queria para ela.
Mas Clara, por inspiração, soube disso na mesma hora e disse a uma Irmã:
"Corra, corra depressa ao andar de baixo e faça a Irmã Andrea de Ferrara tomar um ovo quente. Depois venha aqui com ela".
A outra foi correndo e encontrou Andrea sem falar, quase afogada por ter se apertado com as mãos.
Ergueu-a como pôde e a levou consigo à madre. A serva de Deus lhe disse:
"Pobrezinha, confesse ao Senhor seus pensamentos, que até eu sei muito bem quais são.
O que você quis sarar vai ser curado pelo Senhor Jesus Cristo.
Mas mude de vida para melhor, porque você não vai se levantar de outra doença que vai ter".
A estas palavras, ela recebeu o espírito de compunção e mudou sua vida bem valorosamente para melhor.
Pouco tempo depois, já curada do tumor, morreu de outra doença.
Os Salvados de lobos
A região costumava ser assolada pela ferocidade cruel dos lobos que, atacando os próprios homens, muitas vezes comiam carne humana.
Uma mulher chamada Bona, de Monte Galiano, na diocese de Assis, tinha dois filhos.
Mal acabara de chorar por um, que os lobos tinham arrebatado, quando eles se precipitaram com a mesma ferocidade sobre o segundo.
A mãe estava em casa, nos afazeres familiares. O lobo meteu os dentes no menino que andava lá fora e, mordendo-o pela cabeça, correu depressa para o mato com a presa.
Ouvindo os gritos do menino, os homens que estavam nas vinhas gritaram para a mãe, dizendo: "Veja se seu filho está em casa, porque ouvimos há pouco uns gritos estranhos".
Quando a mãe viu que o filho tinha sido levado pelo lobo, levantou seus clamores para o alto e, enchendo o ar de gritos, invocou a virgem Clara, dizendo:
"Santa e gloriosa Clara, devolva meu pobre filho. Devolva, devolva o filhinho à mãe infeliz. Se não fizer isso, vou me matar na água".
Os vizinhos correram atrás do lobo e encontraram o menininho abandonado por ele na selva, com um cachorro lambendo suas feridas.
O animal selvagem começara mordendo a cabeça; depois, para levar mais facilmente a presa, abocanhou-a pela cintura, deixando marcas profundas da mordida nos dois lados.
A mulher, vendo atendido seu pedido, correu com as vizinhas para sua protetora e, mostrando as diversas feridas do menino a quem quisesse ver, deu muitas graças a Deus e a Santa Clara.
Uma menina do castelo de Canara sentara-se em pleno dia no campo com outra mulher, reclinando a cabeça em seu regaço.
Então, um lobo à caça de gente chegou furtivamente à presa.
A menina viu-o, mas achou que era um cão e não se assustou. Continuou a acariciar os cabelos e a fera truculenta avançou em cima dela, prendeu-lhe o rosto com suas amplas fauces abertas e correu com a presa para o mato.
A mulher assustada levantou-se depressa e, lembrando-se de Santa Clara, começou a gritar: "Socorro, Santa Clara, socorro! Eu lhe encomendo agora esta menina!".
Então, coisa incrível, a que estava sendo levada nos dentes do lobo increpou-o:
"Você ainda vai me levar, ladrão, depois que me encomendaram a tão santa virgem?".
Confundido, ele a depositou logo suavemente no chão e fugiu, como um ladrão surpreendido.
CLARA, SERVA DE CRISTO, CONFIO EM TUAS ORAÇÕES,
ORAI POR MIM A DEUS!
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