"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.
Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo."
Luc 1,26-28
Nossa Senhora da Boa Viagem é uma devoção mariana (hiperdulia) da Igreja Católica comum em Portugal e no Brasil, para onde foi levada pelos homens do mar.
Ermidas e capelas foram levantadas em honra de Nossa Senhora com este título.
Algumas delas se transformaram em santuários que recebiam a visita de um grande número de devotos.
Os portugueses sempre foram devotos de Nossa Senhora da Boa Viagem, tanto que o mais antigo Santuário dedicado à Nossa Senhora da Boa Viagem fica localizado a duas léguas de Lisboa.
Na vila de Ericeira, Portugal, todos os anos, desde 1947, do dia 15 a 18 de agosto, a Senhora da Boa Viagem é homenageada com bailes, espetáculos, procissões e missa campal.
Tradicional festa de pescadores, conta com uma grande comissão organizadora onde todos os anos o mar e a praia são abençoados. Os navegadores costumavam levar uma imagem da santa em suas embarcações para que tivessem êxito nas suas empreitadas.
A devoção em Minas Gerais, Brasil, foi oficializada pelo papa Pio XII como padroeira de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, a pedido do cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.
No ano de 1706, Francisco Homem Del Rey e Luís de Figueiredo Monterroyo chegava ao Brasil a procura das Minas de Ouro, mais especificamente a Mina de Cata Branca localizada próxima ao Pico do Itaubira do Rio de Janeiro.
Em 1709, chegaram a região da Mina de Cata Branca onde fundaram o povoado denominado Itaubira do Rio de Janeiro de Nossa Senhora da Boa Viagem e lá construíram uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Boa Viagem, pois em sua Nau já tinham trago de Portugal além do retábulo todo o material litúrgico da futura Paroquia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabirito.
Em 1742, a capela de Nossa Senhora da Boa Viagem foi elevada a Paróquia.
No fim do século XVIII, criou-se o pequeno povoado de Curral Del Rey, em Minas Gerais. Por aqueles tempos, ele contava com 30 a 40 casas cobertas de sapé e pindoba, entre as quais se ergueu uma capelinha tosca, de igual cobertura, situada à margem do córrego Acaba Mundo.
Ela tinha à sua frente um cruzeiro e ao lado um rancho de tropas. Essa capelinha ficou desde o início sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem, santa de predileção dos bandeirantes e forasteiros, em virtude das condições de vida nômade que levavam. Essa capela foi destruída e em seu lugar, foi erguida a atual Catedral da Boa Viagem.
"Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre."
Lucas 1,41-42
O nome da padroeira de Curral Del Rey, portanto, segundo a velha tradição, significava ser ela a protetora do local de onde a cada momento partiam, para destinos diversos, boiadeiros, mascates e forasteiros de toda sorte. Significava, enfim, os votos de "boa viagem" que faziam os da terra pelo bom êxito da jornada dos que partiam.
Todos os anos em Belo Horizonte é realizada a Procissão Luminosa que reúne milhares de fiéis.
Partindo da praça Rio Branco (Rodoviária) ela percorre a avenida Afonso Pena até a Catedral (rua Sergipe com rua Alagoas), onde é celebrada a missa solene.
Partindo da praça Rio Branco (Rodoviária) ela percorre a avenida Afonso Pena até a Catedral (rua Sergipe com rua Alagoas), onde é celebrada a missa solene.
Os portugueses, grandes desbravadores dos oceanos, em sua devoção à Virgem não poderiam deixar de invocá-la em suas arriscadas viagens. Assim, deram-lhe o título de "Nossa Senhora da Boa Viagem", desde tempos imemoriais. Entretanto, a primeira igreja erigida em terras lusitanas sob esta invocação deu-se no ano de 1618, perto de Lisboa.
"Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"
Lucas 1,43-45
No Brasil o culto a Nossa Senhora da Boa Viagem passou primeiramente pela Bahia, onde foi construída uma pequena igreja junto à praia.
Em Pernambuco, por volta de 1707, o Pe. Leandro Carmelo construiu uma capela, também junto à praia. Providenciou a confecção de uma imagem da Mãe de Deus que foi colocada sobre o altar-mor do templo, em torno do qual surgiu o famoso bairro da Boa Viagem, ponto turístico da capital pernambucana.
Em Pernambuco, por volta de 1707, o Pe. Leandro Carmelo construiu uma capela, também junto à praia. Providenciou a confecção de uma imagem da Mãe de Deus que foi colocada sobre o altar-mor do templo, em torno do qual surgiu o famoso bairro da Boa Viagem, ponto turístico da capital pernambucana.
Ainda no século XVIII, foi construída, na baía de Guanabara, uma capela no alto da península junto a Niterói. Para custear as despesas do culto instituiu-se uma irmandade de pescadores e homens do mar. Todas as embarcações que aportavam ao Rio de Janeiro pagavam de boa vontade uma quantia para a manutenção do templo. Esta capela foi destruída por um incêndio em 1860 e reconstruída pela Sociedade Protetora dos Homens do Mar.
A devoção também aportou em locais afastados do litoral brasileiro. Por algo que só mesmo a Providência Divina pode explicar, a padroeira de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é Nossa Senhora da Boa Viagem.
O historiador Augusto de Lima Jr. conta que, como era costume, em meio a uma esquadra lusitana que chegou ao Rio de Janeiro em 1709 encontrava-se a nau Nossa Senhora da Boa Viagem. Seu comandante, não tendo condições de prosseguir viagem, pediu dispensa da Marinha Real e com alguns companheiros embrenhou-se nos sertões de Cataguás em busca de ouro. Entre os seus sequazes estava o piloto Francisco Homem del-Rei, que antes de arriscar-se no interior de Minas Gerais, retirou do navio abandonado o nicho com a imagem da Virgem da Boa Viagem e a levou como sua protetora.
O historiador Augusto de Lima Jr. conta que, como era costume, em meio a uma esquadra lusitana que chegou ao Rio de Janeiro em 1709 encontrava-se a nau Nossa Senhora da Boa Viagem. Seu comandante, não tendo condições de prosseguir viagem, pediu dispensa da Marinha Real e com alguns companheiros embrenhou-se nos sertões de Cataguás em busca de ouro. Entre os seus sequazes estava o piloto Francisco Homem del-Rei, que antes de arriscar-se no interior de Minas Gerais, retirou do navio abandonado o nicho com a imagem da Virgem da Boa Viagem e a levou como sua protetora.
Os aventureiros encontraram bastante ouro e se enriqueceram. Francisco del-Rei adquiriu terras no cerro de Congonhas, águas vertentes de um curral, isto é, fazenda de gado, que abastecia os mineradores da região. O antigo piloto aí construiu uma ermida em honra da Senhora da Boa Viagem, sua padroeira.
Essa capela foi destruída e em seu lugar, em 1905 ergueram a mais igreja antiga da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Em estilo neogótico, abriga vitrais de grande beleza. O altar-mor é trabalhado em mármore carrara.
A propósito dessa Catedral, circula ainda uma lenda, que foi recolhida pelo estudioso do folclore Saul Martins.
A lenda, se não desmente a história que se conta como verdadeira, serve para completá-la:
"no começo do séc. XVII um português, acompanhado pôr três escravos de confiança, levava no lombo de dois burros, 15 arrobas ( aproximadamente 200 Kg ) de ouro em barras moedas e jóias. Ele foi perseguido por ladrões, quando passava pelo povoado de Curral d’El Rey. Para escapar do bando, ele resolveu enterrar a fortuna num tacho de cobre a 81 passos, em linha reta, contados da entrada principal da capela, em direção ao pico mais alto, à vista, da serra que deu o nome ao arraial. Vendo que não teria como escapar dos ladrões, o português mandou que um dos escravos levasse um mapa do tesouro para sua esposa em Caeté. Segundo a lenda, o português e os dois escravos foram mortos e o tesouro continua até hoje pôr lá. A antiga capela é hoje a Catedral de Boa Viagem!"
A lenda, se não desmente a história que se conta como verdadeira, serve para completá-la:
"no começo do séc. XVII um português, acompanhado pôr três escravos de confiança, levava no lombo de dois burros, 15 arrobas ( aproximadamente 200 Kg ) de ouro em barras moedas e jóias. Ele foi perseguido por ladrões, quando passava pelo povoado de Curral d’El Rey. Para escapar do bando, ele resolveu enterrar a fortuna num tacho de cobre a 81 passos, em linha reta, contados da entrada principal da capela, em direção ao pico mais alto, à vista, da serra que deu o nome ao arraial. Vendo que não teria como escapar dos ladrões, o português mandou que um dos escravos levasse um mapa do tesouro para sua esposa em Caeté. Segundo a lenda, o português e os dois escravos foram mortos e o tesouro continua até hoje pôr lá. A antiga capela é hoje a Catedral de Boa Viagem!"
Nossa Senhora da Boa Viagem é também venerada na cidade de São Bernardo do Campo (SP), na paróquia com o mesmo nome, criada no dia 21 de outubro de 1812, quando desmembrou-se da freguesia da Sé.
Em 1813, o governo adquiriu terras de um certo Sr. Manoel Rodrigues de Barros para criação do novo povoado e edificação do novo templo.
Havia naquela época, na freguesia, 1.423 habitantes e 218 habitações, mas ainda não havia sido construída a igreja. Apesar das tentativas do Pe. José Basílio, somente em agosto de 1814 é enviado à freguesia o Tenente Coronel Engenheiro da Corte, Pedro Muller. Ele constatou que tanto a capela estava sem condições, como o local era impróprio para fundar um povoado.
Escolheram um local mais aprazível, distante dali por uns 600 pés, cortado pela estrada geral, atual Avenida Marechal Deodoro. Possivelmente o início da construção tenha ocorrido entre 1815 e 1818. Presume-se que sua conclusão só tenha ocorrido por volta de 1848. Segundo consta, desde de sua criação, ela já recebeu a denominação de Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.
Em 1813, o governo adquiriu terras de um certo Sr. Manoel Rodrigues de Barros para criação do novo povoado e edificação do novo templo.
Havia naquela época, na freguesia, 1.423 habitantes e 218 habitações, mas ainda não havia sido construída a igreja. Apesar das tentativas do Pe. José Basílio, somente em agosto de 1814 é enviado à freguesia o Tenente Coronel Engenheiro da Corte, Pedro Muller. Ele constatou que tanto a capela estava sem condições, como o local era impróprio para fundar um povoado.
Escolheram um local mais aprazível, distante dali por uns 600 pés, cortado pela estrada geral, atual Avenida Marechal Deodoro. Possivelmente o início da construção tenha ocorrido entre 1815 e 1818. Presume-se que sua conclusão só tenha ocorrido por volta de 1848. Segundo consta, desde de sua criação, ela já recebeu a denominação de Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.
Em Portugal, mais precisamente na vila de Ericeira, todos os anos, nos dias 15 a 18 de agosto, desde 1947, a Senhora da Boa Viagem é homenageada com bailes, espetáculos, fanfarras, procissões, missa campal. É uma festa dos pescadores que todos os anos conta com uma comissão organizadora. Todos os anos o mar e a praia são abençoados.
Oração a Nossa Senhora da Boa Viagem
Virgem Santíssima, Senhora da Boa Viagem, esperança infalível dos filhos da Santa Igreja, sois guia e eficaz auxílio dos que transpõem a vida por entre os perigos do corpo e da alma.
Refugiando-nos sob o vosso olhar materno, empreendemos nossas viagens certos do êxito que obtivestes quando vos encaminhastes para visitar vossa prima Santa Isabel.
Em ascensão crescente na prática de todas as virtudes transcorreu a vossa vida, até o ditoso momento de subirdes gloriosa para os céus; nós vos suplicamos pois, ó Mãe querida: velai por nós, indignos filhos vossos, alcançando-nos a graça de seguir os vossos passos, assistidos por Jesus e José, na peregrinação desta vida e na hora derradeira de nossa partida para a eternidade. Amém
(Esta oração foi escrita por Dom Antônio dos Santos Cabral, Primeiro arcebispo de Belo Horizonte (MG).
"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo."
Lucas 1,46-49
O Capitão-Mor Francisco Homem Del Rey da nau Nossa Senhora da Boa Viagem e o piloto Luiz de Figueiredo Monterroyo fundaram o arraial de Itabira do Campo de Nossa Senhora da Boa Viagem do Rio de Janeiro, hoje Itabirito, em 1706, antes da fundação do Curral Del Rey, hoje Belo Horizonte. Eu suponho (apenas minha suposição) que a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem da Catedral da Boa Viagem de Belo Horizonte é a imagem original com a qual os dois portugueses chegaram na região de Itabirito e ergueram uma capela no local.
ResponderExcluirA mina de Cata Branca e o lugarejo erguido no local foram criados no século XIX, durante o 2º ciclo de exploração do ouro em Minas Gerais, chamado de ciclo das companhias inglesas. Cata Branca, sob a exploração da companhia inglesa The Brazilian Company Ltd. funcionou apenas 4 anos, desmoronando em 1944.