quinta-feira, 23 de julho de 2015

MILAGRES DE SANTA MARIA MADALENA EM VIDA


Maria Madalena e o milagre do ovo de Páscoa




Na Igreja Católica Ortodoxa, Maria Madalena não foi percebida como uma prostituta. Ela é um dos santos mais reverenciado por seu papel no Novo Testamento. Há uma história que a mostra como a anunciadora da fé cristã, não no sul da França, mas em Roma.

Após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, Maria Madalena visitou a corte do imperador romano Tibério Júlio César Augusto. Carregava na mão um ovo branco e quando ela estava diante do imperador, exclamou: "Cristo ressuscitou!" 

César riu dela e disse que isso era tão impossível quanto o ovo branco que ela estava carregando na mão se tornar vermelho .

Antes do final da palavra, o ovo ficou vermelho. Este milagre converteu muitos ao Cristianismo na época.

Hoje, os cristãos ortodoxos celebram Páscoa presenteando ovos vermelhos, que representam uma nova vida e a Ressurreição de Jesus Cristo.



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O texto abaixo é retirado da Vida de Santa Maria Madalena - Texto Anônimo do século XIV e é a transcrição do manuscrito h-I-13 da Biblioteca do Escorial (Espanha) elaborada por Thomas D. Spaccarelli, sob a direção de John O´Neill, e editada por The  Hispanic Seminary of Medieval Studies de Nova York.


Depois que nosso senhor Jesus Cristo, que foi mediador entre Deus e os homens por sua paixão e por sua ressurreição, venceu a morte, foi glorificado e subiu aos céus, a bendita Santa Maria Madalena - encomendada a São Maximiniano por São Pedro -  juntamente com sua irmã Santa Marta, com seu irmão São Lázaro e aquele cego, que nosso senhor Jesus Cristo protegeu por sua misericórdia - com aquela palavra que disse sobre Jesus Cristo na pregação, Beatus uenter qui te portauit & ubera quae
ssusiste, que quer dizer “bendito foi o ventre que te carregou e astetas em que mamaste”, muitos outros discípulos vieram com ela até o mar e entraram em um navio.







Houve bom vento. Aportando em Marselha, desceram do navio e entraram na cidade. Não encontrando quem os hospedasse, voltaram à praia e tiveram que deitar nas pedras. Ali alegraram-se4
toda a noite, com pregações e orações. Pela manhã, a má gente da cidade chegou para fazer sacrifícios aos ídolos. Quando eles se aproximaram, Madalena já havia se levantado. 

Ela era muito formosa, gentil, muito prudente, de muito boa palavra e muito corajosa. Começou a pregar as palavras da Vida e da Salvação, de tal forma que todos se maravilharam com sua beleza e com suas sábias palavras e de como as explanava prudentemente.






MILAGRE QUE FEZ SANTA MARIA MADALENA

Depois, em outro dia, veio àquele lugar um homem de grande condição com sua mulher para sacrificar aos ídolos. Ele era senhor de toda aquela província e tinha uma dor muito grande porque
não podia ter filho nem filha, o que desejava muito.

A bendita Madalena pregava ali sobre Jesus Cristo, como nascera da Virgem, como os judeus o sacrificaram, como fora morto e sepultado, e como ressuscitara ao terceiro dia. Por isto, ela os exortava que não fizessem sacrifício aos ídolos, que cressem e adorassem aquele que fizera e formara todo o mundo. Todos aqueles que ouviam a sua palavra seguiam-na de bom grado, e de bom coração a escutavam, tanto por sua beleza quanto pelo sabor de ouvir sua palavra. E não deveis maravilhar-vos que a boca de Madalena bem e prudentemente falasse, pois ela havia beijado os pés de Jesus Cristo.

Então a mulher daquele homem rico mandou alguns de seus servidores, aqueles que lhe eram leais, dar comida àqueles homens, pois temia muito a crueldade de seu marido e a deslealdade dos que viviam com ele. 

Certa noite, quando a mulher dormia com seu marido, Santa Madalena lhe apareceu em sonhos e perguntou-lhe que já que ela era tão rica, porque deixava morrer de fome e sede os santos homens. Ameaçou-a, caso não contasse isso logo a seu marido, de fazer-lhes algo. A mulher acordou mas não ousou contar a seu marido sua visão. Na noite seguinte, Madalena veio a ela como antes, mas a mulher não ousou contar o ocorrido.




Do mesmo modo, na terceira noite, a bendita Madalena apareceu muito furiosa e muito temível a ambos. Seu rosto assemelhava-se ao fogo, e era como se a casa ardesse. Ela lhes disse: “Homem de grande crueldade! Tu e tua mulher, com quem estive tanto, mas que não te contou o que eu mandei. 

Tu te gabas que és inimigo da cruz de Jesus Cristo. Tu cuidas de teu corpo com muitos tipos de comidas e bebidas diversas e deixas morrer, de fome, sede e de outras coisas, os servos de Deus. Tu deitas em teu palácio, envolto em tecidos de seda, enquanto eles jazem na pobreza e na miséria. Tu vês que eles não têm conforto, e tu não os conforta. Tu vês que eles não têm abrigo e tu não lhos dá. Tu passas por eles e tu não os vê. Ai, desleal, tu não escaparás assim! Antes cumprirás o que tanto
tardaste em fazer, fazer-lhes o bem.” 

Depois que a bendita Madalenadisse isso, ela se foi. 

A boa mulher despertou e começou logo a suspirar. Seu marido lhe perguntou porque ela suspirava e ela respondeu: “Senhor, viste o que eu vi?”; “Sim, disse ele, vi e me maravilhei, muito mais que ?????”  E ela disse: “Eu queria, e acharia melhor fazer o que a bendita Madalena nos exorta e diz para não atrairmos a ira de Deus, porque, sem razão, ela não nos diria aquilo.

Façamo-lhes o bem e digamos a Madalena que rogue ao seu deus para que eu possa conceber.” O senhor acatou o conselho de sua mulher e mandou que dessem pousada e o que fosse necessário à santa comitiva. E assim foi feito. E pouco depois disso, tendo o senhor dormido  com sua mulher, ela concebeu. E muitos tiveram nisso grande prazer.



COMO A MULHER DO CAVALEIRO SE FOI COM ELE

Logo que isto se deu, o senhor foi saber se era verdade aquilo que Madalena pregava sobre Jesus Cristo. Quando sua mulher soube, disse-lhe: “Senhor, que é isto de cuidar-vos de ir sem mim, se a Deus isto não agrada? Se vós fordes, irei eu. Se vós virdes, virei eu. Se vos alegrardes, alegrar-me-ei.”  “Não será assim”, disse o senhor, “mas vós ficareis em casa e governareis vossas coisas, porque se eu for elas não poderão ficar mal dirigidas. Além disso, os caminhos são longos e difíceis de andar, o mar é de grande perigo, vós sois fraca e estais grávida e podereis, muito facilmente,  cair em grande perigo.”

A senhora não disse nada contra aquilo, mas não mudou o que levava no coração. Antes deixou-se cair aos pés de seu marido, e chorou tanto até que seu senhor autorizou a sua ida. 

Assim, foram até Madalena e colocaram sob sua guarda suas terras e propriedades. Ela lhes colocou o sinal da cruz nas costas para que o diabo não os desviasse do seu propósito, instruindo-lhes que por São Pedro, príncipe dos apóstolos, poderiam saber sobre Jesus Cristo o que ela antes lhes dissera.







COMO A SENHORA DEU À LUZ

Depois que eles tomaram a cruz e entenderam que de São Pedro poderiam saber aquilo que desejavam, pegaram muito ouro, muita prata, ricas roupas de variados tipos e entraram em um navio. Viajaram um dia e uma noite pelo mar em boas condições até que o vento começou a soprar mais forte e o mar a se agitar. Em pouco tempo formou-se uma grande tempestade e todos aqueles que estavam no navio tiveram grande pavor ao ver quebrar as ondas, ficando muito aflitos.

A senhora, que estava grávida e muito cansada, entrou em trabalho de parto em meio a muitas dores. O parto foi tão difícil que, por fim, ela morreu. A criança recém-nascida procurava o seio. Gritando e chorando em grande dor, foi a criança nascida e a mãe morta. A criança deveria ter morrido, pois não havia quem a criasse. Ai, Deus! Que fará nosso romeiro, agora que sua mulher está morta e a criança chora pelo seio? A tempestade era tão grande que os marinheiros davam vozes para dizer: “Jogai fora
do navio esse corpo, pois desta forma não cessará a tempestade.
Sabei que isto é verdade e coisa bem provada: que o mar não quer em si coisa morta”. Quando os tripulantes quiseram tomar o corpo para jogá-lo ao mar, o romeiro lhes disse: “Amigos, por Deus, esperai um pouco. E se vós não tendes compaixão por mim nem pela senhora que ainda está quente, sofrei pela criança que busca o seio. Isto não é outra coisa senão crueldade, lançar ao mar um corpo meio morto. Nunca houve homem que quisesse matar corpo tão pequeno. Esperai um pouco e veremos se a senhora acordará do trabalho que teve no parto.”

COMO MAMAVA A CRIANÇA ESTANDO SUA MÃE MORTA

Depois que ele disse isso, olhou e viu o navio se aproximar de uma montanha e pensou em deixar ali a mãe e a criança antes que os peixes os comessem. Disse aos marinheiros: “Tomai de
minhas posses quanto vós quiserdes. Colocai a senhora e a criança naquela montanha para que eu os possa enterrar.” Quando os marinheiros ouviram a promessa dos bens que desejavam tanto como o peixe deseja a isca, concordaram com ele e fizeram sua vontade.

Ele quis enterrar a senhora, mas achou o solo tão duro e tão pedregoso que não pôde enterrá-la. Colocou-a num lugar afastado da serra e pôs a criança entre seus seios. “Ai, Santa Maria Madalena,
porque vieste tu ao porto de Marselha! Para a minha destruição, meu desterro e meu destino vieste tu. E eu, cativo porque te cri, dei início a isso. Por isto rogaste tu a teu deus? Que minha mulher
concebesse, para se perder o que carregava? Agora estão ambos perdidos: o concebido e a que concebeu, porque a mãe morreu em aflição e com as dores que sofreu e a criança nasceu para morrer, porque não há quem a cuide. E é isso o que eu ganhei por teu rogo? A quem encomendei todas as minhas coisas? Eu te peço e rogo que clames a teu deus, se ele é tão poderoso como tu pregas, que tenha piedade da alma desta senhora. E que por teu rogo tenha piedade daquela criança para que não se perca.”
Depois que disse isso, cobriu a senhora e a criança com seu manto e voltou ao navio em um barco. Depois que entrou no navio voltaram a navegar.


Ai, que misericórdia de Jesus Cristo! Ai, que merecimento de Madalena! Ai, que bendita parteira ela escolheu, que foi pregar na terra. Ela deu conforto e ajuda ao romeiro, que por causa de seu consolo não se desesperou. Ela o confortou para que não falecesse de tanto chorar. Ela esteve no parto da mãe, ela fez o ofício de mestre.

Ela confortou a senhora em suas dores. Ela confortou a criança que chorava. Ela desempenhou o papel de ama. Ela lhe deu o leite. Quem já ouviu falar dessas coisas? Ela ensinava, pregava e aconselhava no mar. Ela era mestre. Ela era ama. Ela confortava o romeiro para que não deixasse o que começara. Ela cuidava da criança que chorava, para a confortar e cessar seu choro. 

O corpo da mãe jaz sem a alma e dá leite à criança. E outra coisa que é maravilhosa: a alma da senhora foi em romaria para cumprir o que o corpo havia começado. Ninguém a via, mas ela via a todos. O corpo dela jazia como um recipiente vazio. E daquele recipiente vazio a criança tomava o leite. O recipiente era marcado com o sinal da santa cruz e jazia tão seguro que nem vento, nem geada, nem inverno, nem calor o atingia. Nem fome, nem sede sentia. Não apodreceu nem se perdeu. Sabei que assim são guardadas as coisas que são encomendadas a Maria Madalena.

COMO O ROMEIRO ACHOU A CRIANÇA TRABALHANDO NA BEIRA DO MAR

Voltemos ao nosso romeiro. Não se negue a ouvir sobre o conforto que ela lhe deu em seu desconforto, o que fez por seu rogo e como a sua tristeza foi transformada em alegria. O navio
encontrou bom vento e logo chegou ao ponto que desejava. E desembarcaram. Pouco tempo depois, o romeiro se deparou com São Pedro. Quando o bendito apóstolo viu o romeiro com a cruz, perguntou-lhe a mando de quem a tomara e porque viera ali. São Pedro entendeu muito bem que de onde ele viera, ali havia sido anunciada a palavra de Jesus Cristo. O romeiro lhe contou todas as coisas
que ocorreram em terra e no mar, a mando de quem tomara a cruz e a razão porque viera até ali. Quando São Pedro isto ??? 

(O resto do texto não encontrei por ser a tradução de um manuscrito antigo. Espero encontrá-lo na íntegra ainda)








FONTE:

Vida de Santa Maria Madalena - Texto  Anônimo  do Século XIV - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - PROGRAMA DE ESTUDOS MEDIEVAIS - RIO DE JANEIRO, AGOSTO - 2002








Santas Marias Jacobinas e Salomé no barco à derviva e Santa Sara ajoelhada.
















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