Tive dificuldades em encontrar a imagem desse santo, pois há também são Hugo de Lincoln, que sempre tem um cisne ou ganso aos pés.
Existem vários santos com o nome de Hugo. Os dois mais importantes tiveram muitas coisas em comum. Além do nome são quase do mesmo tempo e lugar.
Um é Hugo, Abade de Cluny (1024-1109), e o outro, Bispo de Grenoble (1053‑1132).
Ambos abraçaram a vida religiosa na flor da idade e tiveram encargos de grande responsabilidade.
Hugo de Cluny com 20 anos apenas, foi ordenado sacerdote e com 25 sucedeu ao abade Odilon e permaneceu no cargo por 60 anos.
Hugo de Grenoble estudou em Valência e em Reims onde foi aluno de São Bruno, com 27 anos apenas foi nomeado bispo de Grenoble por Gregório VII e ficou no cargo por 52 anos.
Ambos foram excelentes colaboradores dos papas Gregório VII, Urbano II, Pascoal II e Inocêncio II.
Ajudaram na reforma da Igreja, na luta contra a simonia e a corrupção do clero.
Ambos foram os primeiros a dar exemplo de reforma pessoal e interior.
Os dois foram propugnadores da vida monástica.
Cluny se tornou exemplo de vida monástica para toda a Europa.
O rigoroso São Pedro Damião dá um belo testemunho de Cluny que visitou em 1063:
"Que diremos da severidade, da ascese, da disciplina da Regra, do respeito pelo mosteiro e pelo silêncio?
Durante o tempo do estudo, do trabalho ou da leitura da Bíblia, ninguém ousa andar atoa pelos corredores ou falar, senão em caso de verdadeira necessidade.
O serviço de Deus enche de tal modo o dia que alem dos trabalhos necessários para os irmãos, fica só meia hora para conversa e colóquios necessários. Falam muito raramente.
Durante o silencio noturno, e em certos lugares (cozinha, sacristia, dormitório, refeitório e clausura) também de dia, só se fala por meio de sinais, que são escolhidos com tanta severidade que não dá lugar a leviandade”.
São Hugo de Grenoble foi um dos artífices da fundação dos cartuxos ( Grande Cartuxa).
Foi ele que acolheu São Bruno e deu-lhe a montanha da Cartucha. Alí ele repetiu o milagre de Moises: fez jorrar água da rocha.
São Bruno diante de São Hugo
São Hugo nasceu numa família de condes, em 1053, em Castelnovo de Isère, sudoeste da França.
Seu pai, Odilon de Castelnovo, foi um soldado da corte que, depois que se tornou viúvo, se casou de novo.
Hugo era filho da segunda esposa.
Sua mãe preferia a vida retirada à da corte, e se ocupava pessoalmente da educação dos filhos, conduzindo-os pelos caminhos da caridade, oração e penitência, conforme os preceitos cristãos.
Aos vinte e sete anos, Hugo foi ordenado sacerdote e foi para a diocese de Valence, onde foi nomeado cônego.
Depois, passou para a arquidiocese de Lião, como secretário do arcebispo.
Nessa época, recebeu a primeira de uma série de missões apostólicas que o conduziriam para a santidade.
Foi designado, por seu superior, para trabalhar na delegação do papa Gregório VII.
Este, por sua vez, reconhecendo sua competência, inteligência, prudência e piedade, nomeou-o para uma missão mais importante ainda: renovar a diocese de Grenoble.
Grenoble era uma diocese muito antiga, situada próxima aos Alpes, entre a Itália e a França, que possuía uma vasta e importante biblioteca, rica em códigos e manuscritos antigos.
A região era muito extensa e tinha um grande número de habitantes, mas suas qualidades terminavam aí. Havia tempos a diocese estava vaga, a disciplina eclesiástica não mais existia e até os bens da Igreja estavam depredados.
Hugo foi nomeado bispo e começou o trabalho, mas eram tantas as resistências que renunciou ao cargo e retirou-se para um mosteiro. Mas sua vida de monge durou apenas dois anos.
O papa insistiu porque estava convencido de que ele era o mais capacitado para executar essa dura missão e fez com que o próprio Hugo percebesse isso também, reassumindo o cargo.
Cinco décadas depois de muito trabalho, árduo mas frutífero, a diocese estava renovada e até abrigava o primeiro mosteiro da ordem dos monges cartuchos.
São Hugo no refeitório dos Cartuxos
O bispo Hugo não só deixou a comunidade organizada e eficiente, como ainda arranjou tempo e condições para acolher e ajudar seu antigo professor, o famoso monge Bruno de Colônia, que foi elevado aos altares também, na fundação dessa ordem.
Planejada sobre os dois pilares da vida monástica de então, oração e trabalho, esses monges buscavam a solidão, a austeridade, a disciplina pelas orações contemplativas, pelos estudos, mas também a prática da caridade pelo trabalho social junto à comunidade mais carente, tudo muito distante da vida fútil, mundana e egoísta que prevalecia naquele século.
Foram cinqüenta e dois anos de um apostolado profundo, que uniu o povo na fé em Cristo.
Já velho e doente, o bispo Hugo pediu para ser afastado do cargo, mas recebeu do papa Honório II uma resposta digna de sua amorosa dedicação: ele preferia o bispo à frente da diocese, mesmo velho e doente, do que um jovem saudável, para o bem do seu rebanho.
O Santo Hugo morreu com oitenta anos de idade, no primeiro dia 1132, cercado pelos seus discípulos monges cartuchos que o veneravam pelo exemplo de santidade em vida.
Tanto assim que, após seu trânsito, muitos milagres e graças foram atribuídos à sua intercessão.
O culto a são Hugo foi autorizado dois anos após sua morte, pelo papa Inocente II, sendo difundido por toda a França e o mundo católico.
São Hugo de Grenoble,
alcançai-me uma vida de contemplação,
oração, escuta de Deus,
trabalho e disciplina,
a fim de que eu não desperdice meu tempo com coisas levianas e passageiras que comprometam minha salvação.
Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.
Quadro: O sonho de São Hugo.
Nesse sonho,
apareciam-lhe sete estrelas que caíam aos seus pés para, logo em seguida, levantarem-se e desaparecerem no deserto montanhoso. Após este sonho,
o Bispo recebeu a visita de Bruno
que estava acompanhado por seis companheiros monges.
Ao ver os sete varões, o Bispo Hugo reconheceu imediatamente neles as sete estrelas do sonho
e concedeu-lhes as terras onde São Bruno
iniciou a Ordem gloriosa da Cartuxa
com o coração abrasado de amor por Jesus
e pelo Reino de Deus.
SÃO HUGO DE GRENOBLE,
INTERCEDEI POR NÓS!
São Hugo, São Bruno
e a Virgem Maria.
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